Tenho tido pouco tempo para escrever, a vida me tomou, mas sempre que posso reitero que não é pela falta de sincronicidades – que não cessam. Depois que abrem-se as portas, não se pode e nem se deve mais fechá-las. É o processo de libertação.
E não tenho receio do julgamento de quem ler o que escreverei agora.
Como estou vivendo um momento especial, tentarei conectar alguns elos que me trouxeram até aqui e inspirá-los. Sou uma pessoa que tem altos e baixos, que cai e levanta, que sonha e avança, mesmo que a passos lentos. Etapas dessa caminhada, e sobre o que relato agora, estão descritas em textos anteriores, sendo dois em especial, o do meu encontro com a Virgem de Fátima em Portugal em 1996 e de ter testemunhado Pedro Siqueira conversar com a Virgem no Rio, ambos publicados em 2011 – deixo os links abaixo.
Não tornei-me mais católico pela conecção com a Virgem nos últimos 20 anos. Não misturo experiências paranormais com religião, até porque todos as têm, sem ter a obrigação de explicá-las. Se, para quem me lê, essas vivências fizerem sentido juntas, ótimo.
Nem sei por onde começar porque o começo talvez seja no reencarne, mas especialmente cito minha viagem a Portugal em 1996 para trabalhar. Lá, ganhei um presente inusitado ao ouvir uma voz feminina na madrugada (percepção) e de ter tido a coragem de ter me erguido em meio à madrugada (ação) em uma cidade que não conhecia, Lisboa, e de ter embarcado em um trem, sem saber onde era a estação de trens, com o sol raiando para Fátima (a convicção), porque a voz feminina repetia insistentemente o mesmo nome. No trem, uma dama sentada ao meu lado me mostra uma foto antiga do meu quarteirão, da minha quadra no Rio de Janeiro antes do meu prédio ter sido construído!
De volta ao Brasil, a vida continuou. Alguns anos depois, em 2000, mamãe assistiu na TV a apresentadora Hebe Camargo dizer que traria a imagem original da Virgem de Fátima ao país. No Rio, a imagem estaria presente na Igreja da Candelária, onde exatamente há 25 anos houve a chacina dos menores na rua. Havia tanta gente para ver a imagem que ficamos, eu e mamãe, dentro da igreja, próximos à porta de entrada. Senti-me estranho… Ao virar o rosto para a direita, vi D. Pedro II e nossa Imperatriz Teresa Cristina no corredor me olharem severamente. Era de dia, estava quente e vi na testa de D. Pedro II gotas de suor e o seu terno estava puído nos cotovelos. Não entendi o que tentaram me falar… Desapareceram. Meu coração batia muito forte. Enquanto escrevo, olho para uma das palmas artificiais que trouxe desse encontro e que trago comigo até hoje. Não importa se os Imperadores foram reais ou uma forma de meu inconsciente falar comigo. O que importa é que era uma comunicação e toda comunicação pretende dizer algo…
Na metade da década de 2000, mamãe adoeceu. Alzheimer. Não tínhamos plano de saúde e internamos mamãe em um hospital público no Rio. Nesse momento, uma tia muito nos ajudou e os outros parentes nos mostraram suas facetas horrendas, tentando lucrar com a doença. Segundo denúncias, uma madrinha desviou dinheiro que seria para o tratamento de minha mãe. Então me dei conta que ao lado do hospital havia uma imagem da Virgem de Fátima.
A partir desse momento, quando estava muito agoniado e sem conseguir dormir, passei a meditar junto à imagem ao lado do hospital Miguel Couto no Rio e também junto à imagem da Virgem na Igreja Nossa Senhora da Paz em Ipanema. Nunca mais ouvi vozes como em Portugal, mas passei a sentir a energia, sugestões, indicações. O mundo passou a ser o possível, uma coisa de cada vez. Primeiro, minha mãe e enquanto isso administrava a vida.
Mamãe desencarnou um mês antes do seu aniversário em 2006. Logo em seguida, minha madrinha, a que citei antes, teve um mal súbito e foi internada em um quarto privado com diárias caras. Em uma noite, ela deixou de respirar por uma questão técnica e desencarnou… Foi um ciclo que se encerrou, não tenho dúvidas. E nesse período também perdi o meu pai.
A vida continuou. Ela sempre continua. Tentei encontrar ânimo em criar, ter novas idéias, mesmo que essas idéias não interessassem a ninguém… Escrevi livros, gravei discos e segui com a vida. Sempre com saudades de mamãe que frequentemente se manifestava, tanto no apartamento como em outras situações.
Uma conhecida me ligou e perguntou se eu queria ir ao encontro em uma igreja no bairro da Gávea no Rio para presenciar Pedro Siqueira se comunicar com a Virgem de Fátima. Fui. Para minha surpresa, quando minha vizinha do andar de cima soube, ela me contou que havia estudado na sala do Siqueira no Colégio Santo Agostinho no Rio e que a imagem peregrina passava pelo menos, um dia, no andar de cima sem que eu soubesse…
Meu irmão se mudou e comprou um apartamento financiado no bairro do Recreio no Rio. Em seguida, como que por coincidência, inauguraram uma cópia perfeita da Capela das Aparições de Nossa Senhora de Fátima no mesmo bairro do meu irmão em 2011… Com as mesmas dimensões do Santuário de Portugal. Visitei o local na mesma época em que o maior dos meus amores, o meu filho, estava sendo gerado. A imagem da Igreja de Nossa Senhora da Paz parecia ter me dito: “Seja forte!”. Não entendi… Logo em seguida, o que seria um período de paz tornou-se uma fase muito difícil.
Nunca mais ouvi falar dessa conhecida que me induzira a ir ver o Pedro Siqueira. Em todos esse anos, ela nunca mais dera notícias, até que, do nada, ela me telefonara à noite em abril de 2012, exatamente no mesmo minuto em que uma grande trama estava sendo urdida. Quando minha vida havia virado de cabeça pra baixo! Doeu muito, mas triste ou não, rastejei para encontrar um pouco de luz. Vivi momentos de muita aflição e abandono, beirando o desespero, mas Deus, ou quem quer que seja, inclusive mamãe me enviaram as pessoas certas, escolhidas a dedo, para me amparar – e cruzar o rio de fogo.
Assim que meu filho nasceu, um mês após meu aniversário, o médico comunicou que ele tinha um problema de saúde. Na maternidade, uma silenciosa voz feminina me disse para que eu estendesse a mão sobre o recém-nascido que “ele seria curado”. Tentaram me impedir, mas cumpri a missão. À noite, o médico veio com os exames: a causa do mal havia desaparecido. Mamãe manifestou-se no quarto e me disse para ser forte porque o calvário mal começara… Ela me ampararia para que eu não caísse nos anos a vir.
No dia seguinte, antes de retornar á maternidade, desço para almoçar e na TV, vejo uma notícia urgente: Hebe Camargo acabara de falecer. Um dia após o meu filho nascer!
Um conhecido me liga dias após o nascimento do meu filho para perguntar se tudo correra bem. Eu disse que sim, afinal meu filho estava com saúde. O resto, preferi manter comigo… Ele me pergunta o nome do menino e falo. Ele desanda a chorar do outro lado do aparelho e pergunto o por quê. “É o mesmo nome do meu filho!”
Em seguida, a esposa de um outro querido amigo de São Paulo tem um menino, após duas meninas. E digam-me: qual o nome da criança? O mesmo nome, sem nem saber!
Houve muitos encontros e desencontros nos 5 anos seguintes. Muitos para descrever. Tentei tocar a vida possível e fiz o que pude, sempre vivendo um dia de cada vez.
Mas enfim, as peças se movimentaram no grande tabuleiro da vida e me ofertaram uma grande oportunidade entre 2016 e 2017. Como se tivessem dito que surgira a chance de me erguer, após ter esperado resiliente pela oportunidade. Mas, para que a mudança fosse possível, eu teria que me desapegar, perdoar e deixar o passado para trás, transmutado.
Eu teria que fazer como em 1996 em Portugal e praticar os mesmos atos de percepção, ação e convicção, 20 anos depois, sem me culpar e nem culpar ninguém pelo tempo transcorrido. A oportunidade havia chegado. Ocorreram muitos fatos, muitas sincronicidades. Quando a estrutura estava armada para dar o grande passo em seguida, quando a nave estava quase pronta a decolar, vejo na internet que uma procissão da Virgem sairia da Igreja Nossa Senhora da Paz pelas ruas do bairro de Ipanema no Rio. Desci e acompanhei a procissão. Ali soube que em poucos dias tudo mudaria para melhor e tudo realmente mudou.
A vida é movimento, não é nem boa e nem má, é o que é, é energia. Mas só pode ver quem tem olhos para ver, só pode ouvir quem tem ouvidos e só pode caminhar quem tem pés, vontade, inspiração, desejo, coragem, loucura, necessidade de seguir o caminho do guerreiro para combater o bom combate até que chegue a hora final de nossa encarnação neste planeta e que possamos seguir sem arrependimentos. Sem ilusões.
Mamãe nunca me abandonou, como a Virgem nunca nos abandona, acreditem ou não. A vida pode ser mágica. Mágica, vida mágica.
O meu filho completa 6 anos neste ano de 2018. É um amor inexplicável que não tem tamanho.
A quem estiver no comando, muito obrigado pela estrada, dura ou não, e por estar aqui e agora para compartilhar essa história.
Muitas novas histórias estão a caminho.
Acreditem, confiem, mas combatam o bom combate, sem mágoas e ódios.
É o caminho do guerreiro.