Conversas diárias com DEUS.

Não conduzo minha vida, quem a conduz é DEUS.

Não me rendo perante às dificuldades, mas me sinto muitas vezes cansado. Nessas horas, lembro de uma grande amiga que diz: “Entregue e Confie”. Essa é uma grande verdade: entregar-se é um ato de total confiança no bom “julgamento” do destino. Entregar não significa desistência, mas confiança de que o resultado vindouro será o melhor para todos.

Confiança ilimitada seria excesso de confiança? Nós somos os piores julgadores de nós mesmos: ou nos excedemos em elogios e críticas aos “outros”, ou nos desmerecemos. E como saber de que “lado” estamos, se Deus, afinal de contas, é por todos, pois somos todos filhos Dele? Essa é uma questão que frequentemente volta à baila. Talvez, o julgamento de “certo” e “errado” não nos pertença, nem a juízes, nem às leis. Até mesmo por uma questão de sobrevivência mental e cultural da “espécie” nos apegamos a esses julgamentos: de que os “outros” são maus e nós “bons”. E isso gera dos pequenos aos grandes conflitos mundiais. Mas não somos todos filhos de Deus? E Deus tem filhos maus? Será que ele mesmo não deixa com que nós mesmos, e nossas energias resolvam a questão, sem qualquer ingerência? Isso posto, sem julgamentos sobre a fé, religião, ou filosofia que você segue.

Na maior parte do tempo, eu confio.  E o tempo, como senhor da razão, me mostra as falhas e as decisões corretas após alguns anos, às vezes décadas. Não vejo o dia-a-dia como rotina, pois espero, e realmente ocorrem, tantas surpresas, que cada dia tem o seu próprio espectro de variáveis. E todas nos conduzem a tomar decisões e essas escolhas nos levam a novas experiências, para que possamos viver ainda mais novas e mais amplas oportunidades. Enquanto agradeço a DEUS, por estar de pé de novo, aproveito e renovo a esperança no amanhã para viver o hoje com intensidade sincronística. Literalmente, o melhor a fazer é confiar.

O ato da entrega te submete todinho à ação do “acaso”, que “por acaso” não tem nada de “acaso”.

2013 será um ano de colheita do que foi plantado em 2012 e até bem antes, décadas inclusive. O que foi plantado neste ano estava escrito, ou “pré-plantado”. Sempre esteve “aqui”, como consequência de decisões tomadas anteriormente, no “ontem”, “hoje” e “sempre”. Desejo, sinto,pressinto e quero que minha vida mude radicalmente em 2013. A energia que habita meu corpo precisa de mais espaço, talvez de um “novo corpo”.  Necessito que o que foi plantado se manifeste intensamente. Segui o fluxo da vida, me atirei de cabeça e segui confiante. Nada tenho a temer. Nada tens a temer. “Entregue e Confie!”.

Suas decisões são regidas pelo medo? Pela mágoa? Por fraqueza ou pelo desejo de ser o dono da situação?

Perdoe, reze, mentalize e agradeça pelas conquistas e “fracassos”.  Agradeça pelos conflitos e desafios, pelos amores e pelas dores. Depois, e com a devida compreensão, libertado das amarras, você renascerá.

Repórter: “Devemos conversar com DEUS o tempo todo? Dê um exemplo do que você quer dizer com isso.”

Donald Walsh: “Você nunca pegou um telefone para ligar para alguém e essa pessoa já estava na linha? Ao dirigir, nunca pensou que nada faz sentido na sua vida e na rádio toca uma  música que fala diretamente a você? Ou quando uma pessoa entra em sua vida, aparentemente do nada, e você fica pensando como pôde viver sem ela? Tudo isso é DEUS.”

Donald Walsh, autor do livro Conversando com Deus.

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O seu mundo é uma criação mental.

Essa é um dos segredos das sincronicidades: elas se manifestam porque você as cria. Elas piscam como faróis, para que você mesmo “se” avise qual é a melhor decisão que o seu próprio Eu, ou o seu DEUS interno já escolheu. O Deus interno tudo vê e percebe sem amarras, enquanto você vê e julga. Mas o absurdamente incrível dessa história é que uma escolha sua pode ser derivada de decisões de terceiros, quartos e quintos espalhados pelo mundo, que não se sabe o por quê, têm ligação contigo, inconsciente. O resultado de uma ação, mesmo sem intenção, de um desconhecido afeta diretamente a sua vida porque estamos todos ligados através do tempo-espaço. Essa conecção misteriosa te conduz à real felicidade.

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Pai, cão e filho.

Contarei alguns casos, uns de 2008 e outro da semana passada.

Havia um personagem, menino, na série de TV, LOST, chamado Walt que conversava com bichos e pressentia coisas. Discutindo com o pai, Walt reclamou: “Você nem sabe o dia em que eu nasci!”. E o pai respondeu: “Claro que sim, foi em 28 de agosto!” Bem, 28 de agosto é o dia e mês em que nasci. Tomei um susto. O garoto era uma espécie de sensitivo. Como um epissódio de um seriado escrito há anos fala comigo HOJE de uma data que se relaciona contigo, no exato momento em que essa pessoa (eu) estava disponível em frente a TV? Isso provaria algum determinismo?

Logo depois ocorreu outra sincronicidade na mesma série: O personagem Hurley foi conversar com uma taróloga em busca de respostas. Quando ela abriu o jogo de cartas, era o mesmo jogo que eu tenho, um tarot especial, diferente dos tradicionais. Só tinha dois jogos em casa e um deles era esse.

No início de 2008, faltava 250 ou 300 reais para saldar uma dívida. O cheque que eu havia depositado iria bater sem fundos. No dia seguinte, de manhã, quando tiro o extrato, estava tudo bem, a conta zerada sem dívidas! O dinheiro que faltava surgiu do “nada”. Fui checar dias depois e era o pagamento de direitos autorais feitos naquele exato dia. Esses pagamentos podem levar até mesmo um ano para acontecer – se acontecerem. No outro dia, eu só tinha 60 reais para pagar 2 contas e depois de quitá-las, ficaria sem “nada”. Após pagá-las, decidi ir à uma casa lotérica. Reparei que os números da dupla sena eram os mesmos que eu sempre jogava: eu tinha ganho 60 reais, exatos.

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Neste final de semana, em novembro de 2012, tive que fazer uma prova em outro bairro. Ao procurar o endereço, me deparei com uma sequência de três ruas muito significativas: Coração de Maria, Getúlio e José Bonifácio, a última no bairro de Todos os Santos (obs: mesmo que por brincadeira, pensemos que não era apenas UM santo, mas TODOS juntos!).

José Bonifácio.

Como já escrevi em outras oportunidades, estudo muito a história brasileira, principalmente a partir da chegada da Família Real ao Brasil em 1808. José Bonifácio foi uma personagem histórico de fundamental importância, inclusive para a nossa Independência. Retornei a esse bairro da prova, após quase 2 décadas. Eu frequentava na própria rua Coração de Maria, ou próximo a ela, um dos núcleos da Gnose no início da década de 90. E em 1996, como já relatado neste blog, vivi uma experiência com a Nossa Senhora de Fátima em Portugal.

Coração de… Maria.

Caminhando em direção à rua, meu irmão me liga para dizer que estava em uma praçinha com a filha e que acabara de ouvir um pai chamar o filho: Gael! Esse é o nome do meu filho, recém-nascido. Parecia um ótimo sinal. E no trajeto à José Bonifácio, uma pessoa acena e se aproxima. Era um músico, que não via há tempos.

“Nem acreditei que fosse você. Eu moro nesta rua. Que coincidência! Acho que a gente não se vê há 8 anos.”

Senti que o encontro não havia sido à toa e aguardei por alguma intuição. Contei para ele que estava de volta à rua após quase duas décadas e acrescentei que havia sido pai recentemente. Contente, ele me apresenta a esposa. Começo a  sentir a intuição mais forte, quase pulsando, e após um preâmbulo sobre “coincidências” e Deus (eles disseram que são evangélicos) olho bem nos olhos dela e pergunto: “Você está grávida, não é?”

Ela se assusta um pouco, e confirma: “Há 2 meses… Como você sabe?”

“Nos reconhecemos após tanto tempo, porque estamos em sintonia e só poderia ser por causa da chegada de crianças em nossas vidas. Esse é o poder de Deus”, respondi.

É preciso convicção para dizer essas coisas, certamente. Só não acrescentei à questão, a pista do número 28, uma constante em minha vida.

2 meses de gravidez e 8 anos sem ter encontrado o “futuro” papai.

Obs: Havia me esquecido: a sala da prova era D208

MEU ENCONTRO COM A VIRGEM DE FÁTIMA NA COVA DA IRIA.

O Natal, comemorado em 25 de Dezembro, é a data do nascimento de Jesus, o Cristo.

Para os que assistiram ao filme Zeitgeist, 25 de Dezembro era a mesma data de celebração ao nascimento anual do Deus Sol no solstício de inverno. Segundo vários estudiosos, a data foi adaptada pela Igreja Católica no terceiro século D.C., para comemorar o nascimento de Jesus de Nazaré com o objetivo de converter os pagãos, durante o Império Romano.

O que pensar? Teria Jesus existido? Sua mãe, Maria realmente existiu? São respostas difíceis de dar, ainda mais porque se apoiam no relato de um livro considerado sagrado.

A cada um cabe a decisão baseada no tamanho de sua fé e de sua crença.

Pelo método científico, o mais aceito pelos ateus, cartesianos ou descrentes, só há um jeito: a necessidade de comprovação.

No plano espiritual, certamente as provas são mais lúdicas do que as factíveis comprovações documentadas em laboratório.

Esse depoimento que dou agora, é consequência do Natal, é claro mas também de uma mudança radical em minha vida.

Há pelo menos 25 anos vivencio fenômenos espirituais: já incorporei, presenciei poltergeists e minha mãe desencarnada já se comunicou comigo.

Há o momento de deixar o mundo espiritual ser uma realidade em sua vida e não ser apenas uma teoria. Há o momento de se calar, e o de aguardar o momento certo para falar, para se declarar.

Hoje falo de coração aberto: tive um encontro com a Virgem de Fátima há 15 anos.

Esta história está relatada no meu livro Mágica Vida Mágica. Abaixo faço um possível resumo do encontro, ocorrido em Leiria, Portugal em 1996 e incluo um mapa que mostra o caminho que segui (uma via-sacra) até o encontro com a Virgem.

 

“Estava em um hotel no centro de Lisboa em 1996. Havia ido a Portugal sem dinheiro, na verdade com dinheiro emprestado e naquela época enfrentava muitos problemas pessoais. As coisas que deveriam ser fáceis, se tornavam mais e mais difíceis graças a um conflito de energias, uma batalha real entre o novo e o velho, entre o bem e o mal. Quando comecei a pegar no sono, já de madrugada, ouvi uma voz que sussurrava no meu ouvido: “Fátima, Fátima…”. Como nunca conheci uma moça chamada Fátima, não entendi absolutamente nada e passei a me virar na cama, sem posição. Por volta das 4 da manhã, entendi que Fátima era uma outra cidade em Portugal, na qual no início do século XX, a Virgem havia aparecido para três crianças. Essa conclusão me apavorou, mas eu precisava fazer algo, ter um ato de coragem e determinação. A minha alma já sabia que só havia uma decisão a ser tomada.

Foi difícil levantar-me de madrugada, para tomar o caminho da rua, mas eu não poderia, em hipótese nenhuma, não ter tentado. Eu me puniria, talvez por toda a vida, se não tivesse me arriscado. Sem saber como chegar à Fátima desci na penumbra e perguntei para as poucas pessoas que encontrei na rua, sob o céu madrugador, que direção seguir. Um barbudo me ofereceu drogas ao invés de informação.

Cheguei ofegante, na maior correria, em uma estação de trens na hora em que o comboio estava prestes a sair. No trem, “puxei conversa” com uma senhora de óculos, que sentara ao meu lado, a respeito da estação de Fátima, onde descer, etc. Ela seguiu comigo até a metade do caminho, exatamente até uma baldeação para que eu pegasse um ônibus e prosseguisse em meu caminho. Antes de se despedir, ela me mostrou uma foto. “É do Brasil”, ela falou. “Do Brasil? O país é um pouco grande…”, pensei. Da sua bolsa, surgiu uma foto acobreada que para o meu espanto, exibia exatamente a minha casa, antes mesmo de ser construída. Sem haver me refeito do susto, olhei a imagem com atenção e vi que não existiam os edifícios que conheço.

— Esta é a última foto que meu irmão enviou do Brasil, ela explicou com tristeza e uma reticente esperança.

Não consegui lhe dizer que era exatamente ali onde eu morava. Era coincidência demais. Até eu mesmo fiquei horrorizado. Lhe prometi que tentaria localizar o endereço e anotei o seu endereço, que coloquei em uma mala que se extraviou na viagem de volta ao Rio de Janeiro. Pelo visto, não era para manter mais contato mesmo.

Assim que cheguei em Fátima, meu coração batia muito forte, entre feliz e assustado, mas convicto de que eu havia feito a coisa certa. Segui em frente com passos firmes. De longe, vi a cruz e a torre sineira e me senti diferente, anestesiado. Segui adiante, enquanto observava os peregrinos e os pagadores de promessas de joelhos, de costas para o mundo, em direção à Virgem. Emocionado, vi a árvore, a Azinheira Grande, sob a qual os pastores receberam as mensagens da Virgem.

Me aproximei da Capelinha das Aparições. Sentei para meditar sob o alpendre, enquanto se desenrolava uma missa. Depois de uma boa meia hora, levantei e segui até a Basílica onde sentei em um dos últimos bancos, sem conter as lágrimas de felicidade. Como algumas pessoas se incomodaram com o meu soluçar, deixei o templo. Me afastei da área dominada pela colunata e intuído por uma estranha curiosidade com jeito e cara de ordem, segui por uma rua à esquerda até um acesso a uma subida.

Percorri uma via-sacra (número 11 do mapa), que seguia até o alto, com os meus passos marcados por 15 capelinhas. Uma imagem de Nossa Senhora com os braços estendidos me acolheu ao final da caminhada (números 16 e 17). Agradeci e me sentei à sua frente, de costas para ela, para olhar a paisagem. Lá do alto, a cidade exibia suas muitas casas recobertas com o mesmo teto avermelhado sob a imensidão do céu azul. Refleti sobre os prós e contras daquela viagem, da minha vida que parecia sem sentido. Pedi uma resposta do fundo do coração, pois eu não tinha mais forças para lutar, estava cansado e desanimado. Alguns turistas japoneses e um vigilante deram as caras, mas não permaneceram durante muito tempo no local.

Repentinamente, se fez um estranho silêncio, pois não havia mais ninguém no alto do morro. Todos haviam se evaporado. Após alguns minutos, uma sutil mudança no ar tomou conta do ambiente. Sem esboçar qualquer reação, notei que a brisa e os sons haviam cessado. As folhas das árvores não me acenavam mais e nenhuma nuvem se movia no céu. Tentei falar e virar meu rosto, mas não consegui: estava com todos os músculos paralisados. O mundo emudecera, estacionara congelado e eu era a única testemunha. Não me desesperei, acatei. Não tentei explicar o que acontecia e nem me perguntei se somente aquele local havia parado no tempo, enquanto lá embaixo, a Terra continuava como antes. Talvez a viagem inteira tivesse sido uma desculpa muito bem engendrada para que eu estivesse ali, sozinho, para viver esse pequeno e grande milagre. Lembrei que os meus avós paternos, haviam deixado Portugal em busca de uma vida melhor no Brasil.

Emocionado e paralisado, vivi o milagre de dilatação do tempo sob um prisma religioso.

Então suavemente, uma luz cheia de presença massageou-me as costas. Fui abraçado por uma imensa e acolhedora luminosidade difusa vinda por trás. Era de dia e as duas formas diferentes de luz interagiram sem conflitos: a do sol acolheu a luminescência espiritual, sem que uma negasse a presença e a força da outra. Como não pude me virar, e nem ver com meus próprios olhos, só me restou vivenciar. Muitas pessoas precisam de provas, de fotos que comprovem os fatos, mas àquele momento, mais importante do que provas, ou ser posto à prova, foi ser a prova do amor transcendental.

Depois de algum tempo, que tanto poderia ser calculado em segundos como em horas, os sons e o vento retornaram mansamente à “normalidade”. Quase como um fóssil retornado à vida, mexi a ponta de um dedo, depois a mão inteira e por fim os braços. Respirei profundamente e estalei o pescoço, antes de me erguer. Quando me virei para saudar a imagem da Virgem de frente, abaixei o meu rosto em sinal de respeito e agradecimento. Havia uma placa logo abaixo da imagem: “Nesse local, ocorreu a última aparição da Virgem.”

Chorei convulsivamente.

Nesses primeiros meses de 1996, eu sabia que a pessoa que eu havia sido, estava se transformando, entrando em uma nova fase da vida.

Relatei essa história, durante os anos, a alguns conhecidos. Na maior parte das vezes, vi incredulidade, mas hoje, 15 anos depois desse encontro, não tenho nada a temer. Nada mais me preocupa, não me submeto ao julgamento alheio, só estou relatando a verdade.

Um pouco antes do livro Mágica Vida Mágica ser impresso, e 15 anos após eu ter estado em Portugal, uma Capelinha das Aparições, idêntica a de Fátima, foi inaugurada no bairro do Recreio no Rio de Janeiro em 2011, bairro para o qual meu irmão havia se mudado, um pouco antes. ”

Nada ocorre à toa nesta vida.

E nem em outras.

Fernando Pessoa e o sentido da vida

Queres pouco,
Terás tudo.
Queres nada,
Serás livre.

(Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa)

Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.

Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura, que é o homem ?
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?

(Fernando Pessoa, Mensagem)

As SINCRONICIDADES de BRASÍLIA.

 A SECA EGÍPCIA EM BRASÍLIA:

 

AKHENATON OU JK?

Na tarde da quarta-feira, dia 7 de setembro, o Distrito Federal registrou umidade do ar de 11% e calor de 31.4º C, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Há quase 3 meses não chove em Brasília, que literalmente está se transformando em um deserto. Ao ler essa notícia não tive como não comparar o que ocorre hoje com uma teoria que diz que Juscelino Kubitschek, o fundador de Brasília, teria sido a reencarnação do faraó Akhenaton, nascido por volta de 1350 a.C. Amenhotep IV, ou Akhenaton, esposo da rainha Nefertit, transferiu a capital do Egito para o interior do país para a adoração do deus Athon (deus Sol); Akhetaton foi edificada em menos de quatro anos assim como Brasília, também organizada em setores, curiosamente distribuídos em “asas” de uma grande ave voando em direção leste – figura de Íbis, uma divindade egípcia guardiã das pirâmides e dos mortos. Devido ao intenso calor e baixa umidade do novo endereço egípcio, um lago artificial chamado Moeris foi criado, sendo esse o primeiro lago artificial do mundo. Cá entre nós, esse detalhe não lembra o Lago Paranoá, construído com a mesma finalidade?

JK ou Akhenaton?

Exatamente como o faraó, Juscelino (que conheceu a história de Akhenaton, após visitar o Egito, na época em que foi fazer especialização na Europa) construiu a nossa capital em menos de quatro anos, e morreu de forma misteriosa em um acidente de carro, 16 anos após a fundação da nova capital. Curiosamente, Akhenaton também faleceu em circunstâncias estranhas. Suspeita-se que tenha sido assassinado a mando dos sacerdotes, prejudicados por sua administração austera, diferentemente de JK que precisou fazer um verdadeiro “pacto com o diabo” para construir a cidade, inflacionando o país. A ideia “absurda”, mas necessária, e prometida por vários presidentes (na verdade, desde o Marquês de Pombal e José Bonifácio) de transferir a capital do Brasil para o interior, provocou uma inflação monstro e várias acusações , nunca comprovadas, de corrupção e desvio de verba.

“Brasília Secreta” – Enigma do Antigo Egito (Iara Kern e Ernani Figueiras Pimentel, Editora Pórtico) é uma tese arqueológica de Iara Kern, autora de “De Akhenaton a J.K – Das pirâmides a Brasília”, que mostra inúmeras semelhanças entre a construção de Brasília e a capital do Egito, Akhetaton, que existiu há 3580 anos.

O Congresso Nacional dá a LUZ

Brasília foi fundada em 21 de abril, curiosamente a mesma data de dois fatos importantíssimos em nossa história: em 21 de abril de 1500, os portugueses descobriram o Brasil e Tiradentes foi enforcado e esquartejado em 21 de abril de 1792. Isso sem contar as construções de Brasília qye remetem ao Egito: o Centro de Convenções; o Teatro Nacional, o maior monumento piramidal de Brasília, comparado à pirâmide de Kéops;  a Rodoviária: em forma de um “H” deitado, que representa o homem mortal; o  Congresso Nacional, em forma de “H” em pé, representando o homem imortal, espiritual e suas duas conchas, o côncavo e o convexo, com a finalidade de captar energia cósmica e telúrica; a Esplanada dos Ministérios semelhante às avenidas de Akhetaton; o Lago Paranoá, semelhante ao lago Moeris; a Pirâmide da CEB (Central Energética de Brasília): semelhante à pirâmide de Sakara; o  Edifício Bittar II, construção semelhante à tumba do faraó Ramsés II fora as várias pirâmides da cidade como o famoso Templo da Boa Vontade, Ordem Rosa Cruz, Grande Oriente do Brasil, Catedral Metropolitana, Igreja Messiânica, Igreja Rainha da Paz, Memorial JK, entre outras.

   VÁRIAS EXPERIÊNCIAS   PESSOAIS OCORRIDAS ENTRE RJ & DF ATRAVÉS DAS DÉCADAS:

 Recebi um convite para visitar a capital do país em 2009. Algumas semanas antes desse convite, encontrei no Rio, um amigo das antigas da capital federal, que não via há mais de uma década. Ele me apresentou a esposa e passamos a tarde juntos. O dia foi tão especial, que àquela tarde quem passou na esquina de casa, foi a atriz Katie Holmes, que estava no Rio, com a filha Suri e o marido Tom Cruise. Refleti como o mundo, realmente, é pequeno. Alguns anos antes desse encontro de esquinas e almas, gostava de assistir a séries americanas e uma de minhas favoritas, ou a  única que eu assistia que se referia à questões adolescentes, era Dawson´s Creek cuja atriz principal era a Katie Holmes. Tê-la na minha esquina, no mesmo dia do encontro com um amigo de Brasília,  que não via há anos, era uma baita sincronicidade. Ou melhor dizendo: um aviso do que iria acontecer: parte do meu passado, não sei se do Egito, ou daqui mesmo, estava no Planalto Central. Haviam me ofertado mais uma peça do grande quebra-cabeças kármico que  regia a minha encarnação.

A Filha de Tom Cruise e Katie Holmes, Suri, dando uma voltinha na esquina de casa.

— Morei em São Paulo durante um bom tempo. Ganhei uma grana trabalhando com uma banda, mas foi um período terrível, bebida e drogas…, o amigo de Brasília deu início à conversa.

— Qual era a banda?, perguntei.

“A banda Y”, ele disse sem perceber qualquer alteração em meus olhos, que fascinados piscaram ao relembrar outra e significativa sincronicidade ocorrida há 20 anos.

— Há dez anos, contei ao amigo de Brasília, minha banda tocou com essa mesma banda Y em um festival. No hotel, o baixista deles me contou a seguinte história: “Há uma década estive no Rio e meus amigos de Brasília que moravam lá me disseram que “a moda” era ser careca, skin-head, para tirar onda. Raspei a cabeça, coloquei suspensórios, calça malhada e fomos zoar à noite. Como eu estava com a perna machucada, outro “careca” me carregou nas costas. Quando passamos em frente a um cabeludo otário, sentado na frente de um banco, eu, em cima do amigo, puxei o cabelo do cara para jogá-lo no chão. O negócio era meter medo mesmo, marcar território. O cara se levantou e nos encarou. Um dos outros carecas queria enfiar a porrada nele, porque o cara era abusado, mas cada um foi para o seu lado. Foi muito engraçado”, ele me contou rindo.  E eu respondi: “Pois é, esse otário era eu.”

— Você está falando sério?, o colega de Brasília me perguntou, admirado.

— O conflito com os carecas ocorreu bem aqui nessa esquina onde estamos, apontei. Por falar nisso, vamos almoçar?

Convite aceito, escolhemos uma mesa para três em um restaurante próximo. Estava bem quente, com aquele mormaço desestabilizador próximo aos 40 graus. Assim que retomamos a conversa, a esposa do amigo nos chamou a atenção: “Olha quem está passando na esquina, aqui ao nosso lado!” Era o governador de Brasília com short e chinelos, totalmente à vontade com a família.

Depois dessa, ninguém precisava me contar que o meu próximo destino seria a Capital Federal da Nação, onde tive vários insights poderosos, crises de choro “sem motivo” (choros de felicidade) e sincronicidades literalmente absurdas, descritas em pormenores no livro “Mágica Vida Mágica”.

Catolicismo Renovado, a Virgem e Pedro Siqueira.

“Se você quer voar, primeiro aprenda a andar.”

Friedrich Wilhelm Nietzsche.

Em uma postagem anterior publiquei um vídeo e um pequeno texto sobre Pedro Siqueira, um advogado carioca, autor do livro “Senhora das águas”, que diz receber mensagens da Virgem, seja de Fátima ou de Medjugorje.  Com um livro no mercado, tocando um bom violão, e sendo um sujeito carismático (sem trocadilhos) como ele não poderia fazer sucesso?

Pedro Siqueira, foto Extra On Line.

Havia escrito sobre o assunto para o nosso blog, mas como eu ainda não o havia presenciado, isso me incomodava um pouco. Acreditar por acreditar é questão de fé, mas a pulguinha do repórter investigativo andava soprando no meu ouvido… Inclusive recebi vários tipos de mensagens dos leitores: uns incrédulos e outros querendo acreditar e muito. Andei pensando em testemunhar o encontro com Siqueira, que ocorre em um bairro perto de casa, na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, na Gávea, mas me faltava o toque da sincronicidade, ou melhor dizendo, uma forcinha do destino. Como os encontros ocorrem na última terça de cada mês, decidi presenciar a reunião de hoje, terça dia 30 de agosto, por causa de dois empurrõezinhos: fiz aniversário dois dias antes – a proximidade me motivou – e a minha , já famosa, vizinha do andar de cima, me disse que a irmã dela estudara na sala do Pedro, no colégio, antes desse bafafá todo.

E há dois dias, li várias críticas dirigidas a Siqueira, por ele se apresentar apenas em igrejas da zona sul, a parte mais rica da cidade. Enfim… Decidi testemunhar in loco.

Ciente de que muitos fiéis chegavam à pequena igreja da Gávea às 14h para o encontro às 19h30, decidi chegar cedo também. Às 16h20 eu estava lá, mas a igreja já estava lotada. Me dirigi a uma cadeira de plástico, próxima à porta, para não me sentir muito enclausurado. Bem, minha formação é católica, e amo estar em igrejas. Por adoração e respeito, desliguei o celular e saí do ar até o fim do encontro. Literalmente saí do ar mesmo, pois me concentro, medito e projeto minha consciência para fora do corpo, como que estabelecendo uma conversa com o inconsciente, termo esse não muito católico. Se eu desliguei o celular, muitas pessoas não o fizeram e a generalizada falação no templo obrigava os organizadores a intervirem frequentemente ao microfone pedindo serenidade, e que inclusive  deixassem de marcar lugares vazios com bolsas para que idosos em pé pudessem sentar. “Gente, Jesus admira a caridade, deem uma forcinha aí que todos serão recompensados!”, ouvi pelos alto-falantes. Mas sabe como é, pessoas são pessoas. As mentes não serenam e as bocas tagarelam, transformando igreja em feira, no clube Piraquê. Projetado, eu ouvia tantas vozes, que minha cabeça doía. O clima estava bastante tumultuado e eu sabia bem o porquê, só me faltava comprovar. As pessoas querem acreditar, mas precisam de alguém especial para isso, precisam de uma ponte, seja uma religião ou uma pessoa, um “veículo”, um “condutor físico”. Curioso foi reparar a existência de uma igreja evangélica do outro lado da calçada, VAZIA, e a católica com tanta gente que saía pela rua. Havia até projeção do encontro, esquema telão na parede externa da igreja, com som amplificado, para os que não conseguiram entrar. A igreja? LOTADA!  Hora da caça, hora do caçador.

Atrasado, Siqueira chegou às 20h e contou rindo, uma história curiosa sobre o recente nascimento do filho. Um padre amigo do casal, nascido em 19 de agosto, data do milagre de Fátima (19 de Agosto de 1917), disse que devido a Siqueira (nascido em agosto) ter decidido com a esposa (nascida em agosto) dar ao menino o nome do padre, por causa disso, ele também nasceria no mesmo 19! Siqueira não acreditou, mas não é que o menino veio ao mundo em… 19 de agosto!  Incrivelmente, durante o terço conduzido por Siqueira, os presentes sossegaram as matracas, entre manifestações de quase fanatismo, que a meu ver, e sentir, tem menos a ver com “viver a fé” e mais com “precisar de provas para ter fé”.

 A palavra de Siqueira era venerada com a de um santo e a vibração do ambiente mudou completamente com a sua presença. Percebi que as mentes dos fiéis tornaram-se mais receptivas e serenas, acalmando o ambiente, não por que tivessem se educado em minutos, mas porque as pessoas só se concentram no que lhes interessa. A todo minuto alguém pisava no meu pé, se chocava com meus joelhos, me dava “ombradas”, e atrás de mim uma criança pequena me dava chutes nas costas, de tanta gente que insistia em entrar no recinto lotado, contrariando as contrariadas leis da física.

Durante uma hora, Siqueira rezou, cantou (bem por sinal) e entregou aos destinatários mensagens da Virgem, recados de conforto para casais em guerra; pais desesperados com filhos viciados; mães e filhos doentes e negócios quase falindo que não quebrarão. Siqueira, que vê e ouve a Virgem, cita os nomes dos presentes antes de lhes dar as mensagens. O advogado se dirigiu a uma moça que havia tentado se matar e lhe disse: “A Virgem te acompanha, tanto que ela sabe que sua cama é pequena, há um ventilador branco de teto e que seus chinelos estão em determinada posição, etc.”

De certa forma, Siqueira me lembrou Chico Xavier entregando psicografias, mesmo que os católicos mais católicos não gostem de ouvir isso. Mas não se diz que no Brasil, todo católico é espírita?

Às 21h, Siqueira encerrou o encontro e recomendou a todos rezar o terço. Na saída, ouvi uma testemunha, humilde por sinal, sem bolsas Louis Vuitton, relatar que ela havia recebido uma mensagem no encontro que presenciei. O que importa é que a “remetente” estava feliz. Se a questão é confortar as pessoas, um passo importante é dado por Siqueira e um passo que tem muito significado, mas enquanto as pessoas não aprenderem a andar sozinhas, como diz Nietzche, nunca poderão voar. E sempre serão projetos de pessoas, não pessoas livres, espiritualmente cônscias.

Uma Tarde no Cemitério

“MEMENTO, HOMO, QUIS PULUIS ES ET IN PULVEREM REVERTERIS.”

Lembra-te, ó homem, de que és pó e ao pó hás de voltar.

Cimetière du Père Lachaise”, perguntaria-me o leitor? Não! Alegremente me dirigi ao Cemitério da Consolação em São Paulo.

Após mais de 25 anos de idas e vindas à Pauliceia, respirei fundo e decidi visitá-lo para conhecer o túmulo da famosa Domitila de Castro, a Marquesa de Santos (São Paulo, 27 de dezembro de 1797 — São Paulo, 3 de novembro de 1867), amante oficial e oficiosa do Imperador Dom Pedro I e mãe da Duquesa de Goiás, filha de Pedro “o demonão”.

Marquesa de Santos, "santa"?

Cheguei às 13h em busca de informações. Me dirigi a um funcionário muito prestativo, que demonstrou em poucas palavras o amor ao seu trabalho. Popó, o seu apelido. Na verdade, Francisvaldo Gomes nasceu em Crateús no Ceará.  A sua cidade natal, que já pertenceu ao Piauí até 1880, e que posteriormente foi anexada ao Ceará, já foi conhecida como “Príncipe Imperial” (atenção: funcionário em cemitério da Domitila nascido em cidade com nome real). Como citei anteriormente, fui ao cemitério, em primeiro lugar, para visitar o túmulo da “Titília”, mas sabendo que lá também estavam outros personagens que aprecio como Monteiro Lobato, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral e os presidentes da República Velha: Campos Sales e Washington Luis. Literalmente, me senti em casa.

Munido de um guia de visitação – cedido pelo Popó -, segui pelas ruas e vielas, admirando a arte tumular e preparando o coração para os prementes encontros. Inevitavelmente refleti sobre vida e morte, perenidade e ocaso, sobre como a sociedade vive intensamente com receio de findar seus dias de glória em um… cemitério. Mas curiosamente, mesmo para mim, me senti muito bem entre os túmulos, entre lembranças que não me pertencem e ostentações post mortem eternizadas em esculturas lamuriosas. Refleti sobre a questão do poder: de como Presidentes da República que estavam distantes do povo em suas épocas, hoje estão tão disponíveis para nós, mesmo em versões tumulares.

O anjinho sapeca que vela Domitila

Me dirigi à Domitila, que está ao lado da capela e com ela conversei um pouco, até de forma irônica, comentando sobre como uma mulher (ou um amor) pode balançar um Império. Que coisa… Mas completei: “De certa forma é uma honra estar aqui, mas gostaria de deixar claro que sou fã da Leopoldina, a esposa legítima de Pedro I, tá?”. Ao lado de Domitila está um grande brasileiro: Luiz Gama, escravo nascido da relação patrão e empregada, prática ainda tão convencional em nosso Brasil, que aos 10 anos foi dado como pagamento por uma dívida de jogo. Sua história é fascinante: como “peça vendida” foi conduzido de Santos a Campinas, a pé. Depois aprendeu a ler, fugiu do cativeiro, virou militar e por fim tornou-se um grande jornalista abolicionista. Senti orgulho de estar ali frente a frente com esse lutador, cuja história me inspira. Logo adiante, me deparei com outro personagem fascinante: o liberal italiano Líbero Badaró, jornalista e médico, que por defender a queda das Dinastias e Impérios, foi assassinado em 1830 pelos defensores de Pedro I, que andava insatisfeito com as críticas.

Líbero Badaró

Morro defendendo a liberdade” foram as últimas palavras de Badaró. Em função dessa celeuma e outras, Pedro I abdicou no ano seguinte à morte do liberal e sem a coroa, partiu para Portugal onde tornou-se um herói.  E outra, Pedro Demonão sempre soube o que fez: seu insaciável amor pelas mulheres era regiamente pago em moeda de troca – muitas espertamente engravidavam do chefe da Nação para ganhar algum título, bens ou dinheiro. A Baronesa de Sorocaba, irmã da Marquesa de Santos, engravidou de Pedro e deu a luz a Rodrigo. Existe uma carta de Pedro I, de abril de 1830, preservada no Arquivo Histórico do Museu Imperial em Petrópolis, na qual ele menciona todos os filhos que teve e especialmente, destila um veneninho a respeito de Rodrigo, filho da irmã de sua amante favorita: “Aquele que foi feito (…) por um motivo bem simples, porque a mãe não era burra.”

Sítio do Picapau Amarelo

Segui adiante até me deparar com Monteiro Lobato. Com os olhos marejados, agradeci-lhe por ter lutado pelo Brasil, por ter acreditado que poderíamos ser grandes e principalmente por ter escrito e nos encantado com as maravilhas do Sítio do Picapau Amarelo, o primeiro livro que li e que literalmente mudou minha vida. Depois visitei meus queridos santos modernistas: Tarsila do Amaral, Mário e Oswald de Andrade – que não eram irmãos – e me lembrei de uma séria rusga entre ambos, apesar de modernistas: em 1990, o amigo de Mário, Antonio Cândido se referiu diretamente ao assunto: “O Mário de Andrade era um caso muito complicado, era um bissexual, provavelmente.” O episódio do rompimento de relações entre eles se deu quando Oswald de Andrade ironizou que Mário (a quem chamava de “Miss São Paulo“) se “parecia com Oscar Wilde por detrás“.

Oswald de Andrade

De volta à Marquesa, pois nosso papo ainda não havia terminado, encontrei uma pessoa à frente do túmulo: o visitante José de Nazaré, que apelidei de Nazareno (foto) e que me acompanhou durante o resto da jornada, pois não era nada fácil encontrar determinados jazigos.

O Nazareno da Consolação

Ele me disse que é espírita e eu citei que estava ali por dois motivos: para ver alguns dos personagens que me encantam e como um Indiana Jones, para descobrir alguma pista do por quê estar ali. Como tenho escrito há meses, eu não iniciei o blog para me esconder, mas para me revelar: eu acredito e comprovo dia a dia que tudo, absolutamente tudo o que se faz é ligado a um fato inconsciente e que através das sincronicidades podemos obter respostas. No dia anterior, havia tido uma conversa com um amigo evangélico e falei claramente que minha meta é saber quem sou, de onde vim e para onde vou. Ele me disse: “Deus não permite isso. Os homens não têm condições de saber certas verdades.” Eu lhe disse que respeitava o seu ponto de vista, mas que víamos a vida – ou a morte – diferentemente. “Também aceito que a maioria não tem como entender certas revelações”, mas sinceramente completei: “A questão é que eu não tenho nada a perder.”

Washington Luís

Washington Luís

Com “Nazareno”, visitei os descansos-finais de dois Presidentes da República Velha: Washington Luís e Campos Sales. Sobre o primeiro é interessante notar que o seu nome não consta do túmulo, apenas há uma lápide com uma frase famosa e sua assinatura, incompreensível para quem não o conhece, algo bem diferente do faustoso túmulo de Campos Sales.

Campos "Selos"

Há um detalhe interessantíssimo: Monteiro Lobato (inimigo dos modernistas por considerá-los “colonizados”) e o Presidente Washington Luís trabalharam juntos. Em 1927, Washington nomeou Lobato como adido comercial nos Estados Unidos e de Nova Iorque e Detroit, Lobato escreveu a Luís confirmando a tese presidencial de que “Governar é abrir Estradas“. Nos Estados Unidos, o escritor observou de perto, a tecnologia do aço e da prospecção de petróleo, o que fez o escritor compreender que a solução para muitos dos nossos males, seria a industrialização, que para variar, demorou muito a ocorrer. Mas ao apoiar Júlio Prestes, o candidato da situação, e do charmoso Washington, em carta datada de 28 de agosto (data do meu aniversário) de 1929, Lobato se enroscou todo. O golpe tenentista de Getúlio Vargas e seus asseclas em 1930 mandou Lobato, Prestes e Luís às favas. Outra curiosidade: quem também está enterrado neste cemitério, só que na outra extremidade é o historiador marxista Caio Prado Júnior, fundador da Editora Brasiliense que em 1943, negociou com Lobato a publicação de suas obras completas. Alguns anos depois, Lobato se tornaria sócio de Caio nessa mesma editora.

Caio Prado Júnior

Já se aproximando das 17h, ainda me sentia um pouco inseguro se ainda acharia algo que referendasse aquela visita. Visualizei o mapinha mais atentamente e localizei dois números, um ao lado do outro: 28 e 31, os dias do meu nascimento e do meu único irmão. O 29, dia do nascimento de nossa mãe estava próximo também. Segui na direção que apontavam e no 31, encontrei o descanso de Olívia Guedes Penteado (Campinas, 1872 — São Paulo, 9 de junho de 1934), uma das maiores incentivadoras do modernismo no Brasil e amiga de artistas-chave do movimento, como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Heitor Villa-Lobos.

Olívia Guedes Penteado

Olívia se empenhou na causa revolucionária de 1932 e lutou a favor do voto feminino, conseguindo eleger a primeira mulher para uma constituinte. O seu túmulo é ornamentado pela escultura O Sepultamento, feita por um outro ídolo: o escultor Victor Brecheret. Ao observar o guia de visitação mais atentamente, reparei que o número 28, ao lado do 31, se referia à uma obra, uma escultura e não à pessoa em si. Procurei um outro 28 e o encontrei logo ali a algumas quadras de distância. Eu nasci no dia 28 e minha mãe nasceu em 1928. Ao me posicionar defronte ao túmulo, meu coração pareceu saltar da boca ao encontrar o “meu” 28: a filantropa e poetisa Anália Franco (Resende, 10 de fevereiro de 1856 — São Paulo, 20 de janeiro de 1919), que fundou mais de setenta escolas e mais de vinte asilos para crianças órfãs.

Anália Franco

Estudando sua linda história de vida, soube que à época da Lei do Ventre Livre (1871), ao tomar conhecimento de que os nascituros de escravas seriam encaminhados à roda dos expostos na Santa Casa de Misericórdia, ela usou o seu talento de escritora para dirigir-se às esposas dos fazendeiros e trocou um bom cargo na capital paulista por outro, no interior, a fim de socorrer as crianças necessitadas. Eis o texto retirado da wikipedia: “Graças à ajuda de uma dessas fazendeiras, num bairro de uma cidade no norte do estado de São Paulo obteve uma casa para instalar uma escola primária. Tendo a fazendeira lhe imposto a condição de segregação entre crianças brancas e afro-descendentes para a cessão gratuita do imóvel, Anália recusou-a terminantemente, passando a pagar um aluguel. Nessa primeira “Casa Maternal”, passou a receber as crianças que lhe batiam à porta, levadas por parentes ou recolhidas nos caminhos da região. A fazendeira, ressentida com a altivez da jovem professora e vendo que a sua casa, embora alugada, se transformara num albergue, recorreu ao prestígio do marido (um “coronel”), e este obteve a remoção de Anália. Indo para a cidade, alugou uma velha casa, consumindo com essa despesa a metade do seu salário. Como o restante era insuficiente para a alimentação das crianças, não hesitou em ir pessoalmente pedir esmolas para prover as crianças, que referia carinhosamente em seus escritos como os “meus alunos sem mães”. Numa folha local anunciou que, ao lado da escola pública, havia um pequeno “abrigo” para as crianças desamparadas. Embora essas práticas chocassem o setor conservador da cidade, Anália obteve o apoio de um grupo de abolicionistas e republicanos. Ao final da vida, Anália Franco constituiu 71 Escolas, 2 albergues, 1 colônia regeneradora para mulheres, 23 asilos para crianças órfãs, 1 Banda Musical Feminina, 1 orquestra, 1 Grupo Dramático, além de oficinas para manufatura em 24 cidades do interior e da capital”.

Trêmulo, e com o mapinha entre as mãos, várias sincronicidades me puseram de joelhos: Anália Franco, quadra 62, terreno 29 (o ano do meu aniversário e o dia do nascimento de minha mãe). Ao rever o endereço de Olívia Guedes Penteado vi: rua 35, terreno 1 e 2 (3 mais 5 = 8, mês do meu nascimento e interpretei o 1 e 2 de duas formas: 1 mais 2 = 3, mês do nascimento do meu irmão – março – e 31, o número do túmulo de Olívia no guia é o dia do nascimento do meu irmão e 12 é o mês que a nossa mãe nasceu). Tarsila do Amaral, pintora se localizava no número 29 do guia, dia do nascimento de mamãe. Simplesmente as datas completas de nossa mãe, minha e do meu irmão estavam ali na minha cara e ligadas a três mulheres artistas e educadoras que se doaram para mudar os rumos deste país e para auxiliar as pessoas. Essa me pareceu uma bela resposta: que não devo temer e nem me afastar do caminho artístico e educacional, que estava escrito antes mesmo de termos nascido.

Comecei a chorar com a alma aliviada.

(obs: antes de deixar São Paulo, que hoje me deu um dos melhores presentes de minha vida, tornarei a rever Pedro I, e minhas Imperatrizes Maria Leopoldina e Amélia Augusta na Cripta Imperial sob o Monumento do Ipiranga.)

Anália Franco

Advogado carioca se comunica com a Virgem

Imagens da Virgem fotografadas na igreja de SANTO ELESBÃO E SANTA IFIGENIA no centro do Rio, uma igreja de escravos.

Vídeo do texto abaixo: http://www.facebook.com/video/video.php?v=10150195667594301

Muitos pontos me tocaram, como espectador, filho, amigo e discípulo de Fátima nessa entrevista do advogado Pedro Siqueira (para o programa da Ana Maria Braga) que mantém contato com a Virgem desde criança, mas um detalhe me chamou a atenção: Nossa Senhora pode se manifestar através de um simples fenômeno como a chuva…

Sabe o que acho mais fascinante dessa história toda? Cada um, dependendo de vários fatores (educação, compreensão, fé, religião etc) tem uma perspectiva muito própria do fenômeno. Creio que cada um de nós reinterpreta e vive o fenômeno à sua imagem e semelhança: se você é criativo, os fenômenos também o serão. Como o advogado Pedro Siqueira é muito católico, o fenômeno também é muito católico. Mas nenhuma das formas de contato pode ser considerada certa ou errada: são extensões da mesma luz, da mesma fonte.

Há um depoimento nesta entrevista, de uma moça, a última a falar, que presenciou juntamente com o grupo em Fátima, Portugal,  uma cruz surgida do céu com raios vermelhos, e uma auréola que cercava o sol… Na entrevista há uma foto dessa depoente no mesmo local em Fátima onde tive a honra, o prazer e a emoção de ter tido contato com a Virgem, em uma fase muito confusa da minha vida, em uma fase na qual eu precisava ardentemente me desligar do velho, da roupa velha para me despir, me deixar nu e aí sim poder me reencontrar com quem eu havia me esquecido que era. E esse processo dura até hoje, é um caminho progressivo, contínuo e maravilhoso. E graças a Deus, sem retorno: sempre à frente e com a Virgem.

A SINCRONICIDADE DO 28

“Viver não é necessário; o que é necessário é criar”. Fernando Pessoa – aquele que nada trazia de pequeno n´alma.

Em que dia você nasceu?

Há alguma coisa em sua data de nascimento que te desperta a atenção?

Você reconhece alguma coincidência significativa ligada a números?

Nasci no dia 28. Não sei se por aderência, carinho ou mania, o 28 não desgruda de mim. Achava estranho esse apego todo, mas com o tempo me acostumei e comecei a ver o lado positivo. Como ele me perseguia, eu comecei a persegui-lo: olho por olho, dente por dente. As brincadeiras com o número começaram em lugares inusitados como o valor de um produto no supermercado; os centavos no final de uma conta; 28 graus; acordar às 09:28; o CPF do meu irmão tem a data, dia e mês, do meu aniversário; ver um 28 perdido em meio a uma nova conta de banco; encontrar um 28 boiando em um novo número de telefone etc.

No aspecto da evolução da alma, o 2 representa a polaridade entre emoção e a mente (alma), e o 8, a consciência (espírito) que julga esses veículos.

Mas no 28, o que se destaca é o oito, não tem jeito. O número 8 representa a Justiça, o Julgamento, o equilíbrio entre matéria e espírito, o oitavo chakra Vibhuti. Tem relação direta com o Deus dos Mortos, Anúbis (Saturno) que quer teu coração mais leve do que uma pena.  O Nobre Caminho Óctuplo é, nos ensinamentos do Buda, um conjunto de oito práticas que correspondem à quarta Verdade Nobre do Budismo: o “caminho do meio”, baseado na moderação e na harmonia, sem cair em extremos. O Dharmachakra representa o Nobre Caminho Óctuplo.

Números são coisas matreiras, arteiras, como gênios brincalhões.

Essa tem tudo a ver com a experiência do 28 e do 8: fui ao banco pagar uma conta, mas como estava em atraso, tiveram que recalcular na hora. Eu tinha ideia de quanto seria, mas não sabia o valor exato. Deu X reais mais alguns centavos, um número bem quebrado tipo 35 centavos . O dinheiro que eu havia trazido era exatamente o valor X calculado em reais, mas não os centavos. Meti a mão no bolso de trás da calça e havia exatamente 35 centavos. Fiquei duro, mas paguei a conta. Matutei, meio aliviado e meio “bolado”: “Que coisa! Nem para dar uma folguinha? Precisava ser tão exato assim?” Rindo, vi o lado positivo da história: paguei a conta, cumpri com minhas obrigações. Palavra engraçada essa: obrigação. Obrigar a…

Colocando as coisas em pratos limpos no universo do 28: pago o que devo e quando não consigo, não fico desesperado nem me sentindo um péssimo pagador porque me empenhei, dei o meu melhor, não enganei, não menti, não enrolei, fui claro, mas não deu. A vida é assim. Simplesmente faço o possível e se não dá,  negocio; se não dá para negociar, faço o que posso e quando “nada dá certo” (certo para quem, né?) aceito o ocorrido e não brigo com ele. Curiosamente, tudo sempre dá certo e se resolve quando é chegada a hora, quando a sintonia está boa, quando os pêndulos estão alinhados em meio ao caos. A diplomacia e  a guerra são partes do processo, nem toda guerra é do mal e nem toda diplomacia é do bem, entender o mundo com uma visão maniqueísta não faz juz à grandeza do universo, que repito, é muito mais criativo do que supõe a nossa vã filosofia.

Escher vendo Escher

A imprensa noticiou: “Sábado e domingo são os últimos dias da exposição O MUNDO MÁGICO DE ESCHER do artista holandês Maurits Cornelis Escher (1898-1972).”

Obviamente, como quase todos os brasileiros deixam tudo para cima da hora, a história não poderia ter sido diferente: fiquei na fila durante uma hora e meia antes de entrar no prédio. E sabe aquelas perguntas que a gente se faz? “Por que não vim antes? Por que deixei para a última hora?” ”  Todas passaram pela minha cabeça. Mas uns cinco minutos depois a alma sossega, eu não fico  reclamando, é chato. A gente se aborrece com a nossa “falta de tempo”, mas quer saber? Antes tarde do que nunca. Ficar “plantado em pé” é um problema menor: eu estava lá para ver o grande Escher, que mais eu poderia querer? Como fã de arte, me senti realizado. “Furada”, nesse caso, é um conceito relativo.

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/ultimo+dia+de+exposicao+de+escher+no+rio+reune+milhares/n1300007298311.html

Mas eu não deixaria a história ser tão simples assim, também gosto de complicar um pouco, vamos colocar dessa forma. Superficialidade não é a minha, então eu faço a minha vida ser dignamente profunda e artística. Também gosto do inusitado, ele não me assusta, dá um medinho, mas é um bom medinho, por assim dizer, é parte da brincadeira.

Assim que me aproximei do museu às 11 da manhã, no centro do Rio, e vi o tamanho da fila, senti que não era para entrar. Pelo menos, não àquele momento. Pensei, “mais tarde esse povo desiste e a fila fica menor”. Santa ingenuidade…  Em frente ao museu, há uma Igreja: a da Candelária. Em outra coluna, creio, falei sobre uma visita que fiz à mesma igreja há muitos anos, com minha mãe durante um encontro para ver a Imagem original de Nossa Senhora de Fátima. Entrei na Igreja e sentei em um dos primeiros bancos para meditar. Foi bem legal. Tirei fotos das imagens e desse anjo portentoso, sustentáculo de um parlatório, em cuja frente sentei.

Anjão

inclina avrem tvam et suscipe verba intellectus: Incline-se diante dele e receba as palavras da Inteligência.

Ao sair da igreja, por volta de meio dia e vendo que a fila não havia diminuído, preferi arriscar e ver qual era a exposição no prédio ao lado, no Centro Cultural dos Correios. Para minha surpresa: era sobre Fernando Pessoa, um dos meus poetas favoritos, se não o favorito.

A Pessoa do Fernando

Mal entrei na fila, com poucas pessoas, a porta foi aberta para que todos desfrutássemos do momento mágico, ou de um momento “Pessoa”. Após me deixar levar e flutuar entre as poesias transformadas em mil imagens, entrei em uma sala onde havia uma grande mesa com vários livros de Pessoa para quem quisesse ler. Sentei e logo à minha frente, vi um pocket book de Álvaro de Campos. Fernando, que foi amigo do mago Aleister Crowley devia ter sido mago também e não só das palavras: não satisfeito em ser Um escritor ou Um poeta, foi vários. Pessoa repartiu seu talento em heterônimos, múltipla personalidades, personagens extraídos de si, e o mais famoso deles estava ali à minha frente em forma de pocket: Álvaro de Campos.

Minha poesia favorita, como a de várias pessoas, é Tabacaria.

“Não sou nada.

Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,

Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é

(E se soubessem quem é, o que saberiam?),

Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,

Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,

Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,

Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,

Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,

Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada”.

Assim que abri o livro, vi que o texto completo de Tabacaria se distribuía por três páginas: a primeira sugestivamente começava em 287. Como nasci no dia 28 de agosto imaginei que haveria alguma surpresa na 288. É claro que havia. Ao abrir o livro, no final da página 288 – que fotografei, mas peço desculpas pela má resolução – encontrei exatamente essa parte:

“O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo”.

Começava assim a primeira linha no alto da página 289:

“Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu”.

A última quadra na página 288  – diagramada assim pelo destino ou pelo inconsciente do diagramador – falou demais àquele instante, falou como um buraco negro que engole todo o universo no meu peito. Creio que não há necessidade de me explicar mais. Curiosamente, a 289 confirmou que eu não estava ali à toa, que àquele livro não estava inutilmente ao alcance da mão e que todas as estradas conduzem a Roma.

Página 228

Havia postado a mais nova edição da revista O Martelo no dia anterior à visita ao museu e para ela escrevi sobre Kant.

Nossa Senhora de Fátima

Me ergui e mais uma vez, do lado de fora da exposição sobre Pessoa, soube que não era para entrar na fila do Escher. “Não é agora”, refleti. Saí de lá, atravessei o centro inteiro com uma energia renovada e fui à Igreja de Nossa Senhora de Fátima, perto do Sambódromo para agradecer. De volta ao museu, por volta de 16h da tarde, ingressei na fila “amarradão”.

Calor? Que calor?

Dor? Que dor?

Cansaço? Que cansaço?

Escher é bom demais. É o próprio Yin Yang

E a vida é Yang para quem não se impõe, para quem conversa em silêncio com ela, como Yin, pois sabe-se que essa dama chamada VIDA é matreira como um 28.

Obs:  O primeiro disco que gravei em 1984 se chamou Ultimatum. Álvaro de Campos, autor de Tabacaria escreveu Ultimatum em  novembro de 1917, que também fala sobre o Brasil:

             tu, Brasil, blague de Pedro Álvares Cabral
 Que nem te queria descobrir
 Ultimatum a vós que confundis o humano com o popular
 Que confundis tudo

A SINCRONICIDADE ENTRE OS PAÍSES

Estamos nos comunicando neste momento, através da tecnologia, a grande ferramenta mágica, pela qual trocamos as nossas ternuras. Mas cuidado que cavalo não desce escada: a mesma tecnologia que expande, aprisiona. Toda opção advém da nossa visão, de como vemos o mundo, de como nos vemos. Se usamos lentes rosa, tudo é rosa, se nossa intuição e percepção são parciais, parciais somos, só ouvimos o que queremos ouvir, construímos o mundo à nossa imagem e semelhança. A maior parte de nós, não quer viver sem óculos, acredita que é melhor enxergar o mundo através de lentes parciais. E lentes desfocam, iludem, como as da televisão, das fotos e dos filmes. Vemos o que é visível e achamos que basta, sem discernir. Sobre isso que estamos conversando agora, como melhorar nossas vidas, só poderia ser feito há décadas por papos pessoais, cartas e livros, mas hoje temos a internet , muito útil, mas uma arma de dois gumes. (Inclusive o tema da próxima coluna é sobre essa história de conversar sobre fatos místicos com quem te pede, mas não te escuta.)

I put my finger on you

Enquanto escrevo este texto, assisto a o filme The Queen sobre a morte da princesa Diana e como a Família Real inglesa, a princípio, se recusou a fazer parte do velório, do lamento público, até mesmo em função do protocolo. O Primeiro Ministro Tony Blair falou diretamente com a Rainha que 25% da população já não queria mais saber da realeza por causa dessa atitude. O povo simplesmente não entendeu: pensou com o coração e não com a razão, como Elizabeth II e os familiares. Mas o que é mais importante: razão ou coração? A razão consciente ou o coração fajuto? Seria Diana, uma oportunista, marqueteira e demagoga? Talvez, mas o povo a adorava, ela soube se promover e esse mundo, mais do que verdade adora a aparência, as palavras doces, os “bons atos”. Em um dos diálogos da película, Elizabeth se surpreende com a mudança dos costumes, desde o fim da Segunda Guerra. Tanto se assusta, que atende aos apelos do Primeiro Ministro para pessoalmente demonstrar alguma humanidade e passear em frente ao portão do Palácio de Kensington, para exibir a solidariedade real.  Ao ler os cartões dos populares, postos em guirlandas e arranjos florais, com ofensas diretas à Monarquia, Elizabeth II caiu na real. “Eles não têm coração”, dizia um dos textos.

O que quero dizer com isso? Que as aparências enganam.

E como distinguir o que te serve para o bem, e o que te serve para o mal, sem que se saiba quem é quem?

A sincronicidade ajuda.

Se você é intrinsecamente uma pessoa boa (há divergências entre você, o Id e o Ego) em tese, a sua bondade pode aumentar, mas também pode aflorar uma parte indesejável da nossa personalidade: o demônio. A pressão e as facilidades da vida fazem isso muito bem: pressionar para que o inferno contido em sua alma, cresça e apareça.

Sincronicidade é coisa séria.


As sincronicidades se manifestam conversando em sua língua, elas te pegam de jeito. Se eu assisto TV, as sincronicidades surgem na telinha; caso você esteja andando na rua aparentemente “sem motivo”, elas te cercam para dizer algo, propor algo, mas a nossa confusão mental, muitas vezes, não nos permite ver exatamente o que é, o que querem dizer.

E até mesmo a “coincidência” te dá 3 opções: esquerda, não faz nada ou direita. Budisticamente, o caminho do meio é o melhor, mas simplesmente optar também é muito bom: melhor tomar uma decisão errada – se você, é claro, não consegue tomar a certa – , para que com um pouco de esforço e compreensão, possa cair na real e catar os pedaços, mas preparado para não errar mais e sabendo o por quê. “Agora eu sei – ou pelo menos, penso saber – o custo benefício da falha.”

Goethe

Acredito muito em datas na formação do caráter e karma. Um dia, descobri que o filósofo alemão Goethe nasceu no mesmo dia e mês que eu (ano não dá, né?) e recentemente “percebi” que conheci durante toda a vida, algumas pessoas que falam alemão e outros que são descendentes de judeus que fugiram da Alemanha nazista. Essas pessoas sempre cruzaram meu caminho e deixaram marcas, “boas e ruins” que tive que desenrolar. Todas me ensinaram muito e também me mostraram que para elas, o tempo para compreender a questão  – se quiserem é claro -, é outro. Para algumas, falta pouco, para outras, talvez nunca… O mais estranho dessa ligação , é que me vi estranhamente pertencente à uma nova categoria kármica, a “alemã’ apesar de ser muito brasileiro e não ter vínculos com a Alemanha. Essa semana, conversando sobre isso com um amigo de priscas eras, que não reside no Rio, ele também me confidenciou que, em meditação, descobriu que era isso o que nos ligava: a Alemanha, apesar de aparentemente nenhum de nós ter nada a ver com qualquer “alemanização”. Há alguns meses, um velho amigo que reencontrei há um ou dois anos, me disse que foi à Europa seguir os passos do filósofo alemão Nietzsche.

Nietzche

O círculo de pessoas a minha volta é limitado, por mil motivos, o mais importante deles para me centrar e ter as rédeas do meu destino em mãos. E se nesse ambiente, com poucas pessoas, as pistas te levam à mesma direção, a conclusão só pode ser: preste atenção. Só um cego não dá a devida atenção às evidências. E quem são os cegos? Nós, ninguém mais.

Essa história alemã prova que há encarnação? Prova que nos ligamos inconscientemente por fios misteriosos? Há uma boa evidência de que existe algo muito importante envolvido nessa história.

Uma dúvida dessas, sobre rastrear ou não os elos perdidos através dos séculos, pode e deve ser feito com a ferramenta da justa meditação. Mas o mundo nos cobra deveres, favores e contas a pagar. Parece que nunca há tempo para meditar, para ficarmos sozinhos, mas é bom arrumar um tempo e para isso, precisamos abrir mão de algo. Não dá para ter tudo. Mas dá para almejar e trabalhar pela completude, dividido.

Treino meditação do meu jeito desde os anos 90, pois na maior parte do meu tempo, simplesmente não consigo parar e meditar. Tive que criar uma meditação própria: caminhando, curtindo o movimento lento dos passos, vendo um passarinho dar seus saltinhos, as garças perto de casa, os cães no parque, a luz do sol refratada, o som da água batendo nas rochas e prestando muita atenção nos sons que pipocam nas ruas. Cada novo dia e experiência são únicos. Dando esse necessário tempo para mim, somente agora após 20 anos, comecei a  entender como funciona o processo, como se faz e através dessa escolha, as sincronicidades se tornaram muito fortes. Uma coisa puxa a outra. O que ocorreu é que minhas ‘lentes’ mudaram juntamente com a percepção, então me sinto em um novo corpo, como se eu não fosse o eu anterior e isso te dá uma serenidade estranhamente bonita,  em um ambiente lúdico e renovador.

Revolução egípcia

Assisti na TV a um “minúsculo” detalhe sobre a revolução popular ocorrida no Egito e me surpreendi.  Tive certeza de que essa “revolução” é da importância de um 11 de setembro, porque ocorreram sincronicidades muito significativas entre esse que vos escreve e os fatos egípcios. De início, tendi a questionar, mas logo em seguida, outro fato, através da TV, reconectou-me a um fato que me ligou a outro e a outro. Ficou evidente que se tratava de algo muito grande, que envolve povos, nações e indivíduos, do micro ao macro, do pouco ao tudo, do átomo às galáxias.

Tutankamon

Me perguntei (intelectualmente e racionalmente, digo): “Como pode um fato local ou mundial, histórico, estar intimamente conectado a você, de uma maneira que não se pode refutar?” O que isso quer dizer? Que tudo já estava escrito? Que as coisas boas e ruins que acontecem contigo, são escolhas suas e do universo?

No “impulso”, você pode ficar obcecado pelas respostas, pegar um avião (se tiver dinheiro) e ir para a Alemanha ou para o Egito, encontrar tudo ou não achar nada. (Fui compelido a fazer isso, por fatores externos favoráveis mesclados à minha vontade e ancestralidade, e fui para Portugal, como já contei aqui no blog, mas apesar de ter sido uma experiência incrivelmente forte, demorei a me tocar de várias coisas.) Muitas respostas que encontro são mais sobre o passado do que sobre o presente. Você acha os traços, os rastros, mas ainda tem que entender o que os sinais querem te dizer. Me refiro é claro, aos passos que ainda não foram dados, pois só existe o presente, não existe futuro. Tudo bem que quânticamente, passado, presente e futuro são uma coisa só, uma linha contínua, mas não dá para perder tempo pensando como será. Melhor resolver a questão agora, para que o futuro seja outro. Para essa tarefa, temos um grande aliado, um mestre pessoal ao nosso alcançe: a percepção, caso é claro, que ela te conduza à opções que abram as portas para bons caminhos. E o nosso maior inimigo é a cegueira que o Ego nos oferta, mas esse é o caminho dos pés descalços sobre vidro: pode ser feito sem dor ou não ser feito. Se as escolhas continuarem a te conduzir para os mesmos becos ou ruas sem saída, para as mesmas situações, a escolha é exclusivamente sua, por cegueira ou não. “Mas eu estou tão bem, por que mudar?”. Então, você é que sabe.

Aprisionado

Enfim… Essa é a busca, essa é a hora.

Agora sinto que a minha busca inicia uma nova fase. E a sua?

A busca pode terminar em algum ponto sim, mas nunca o aprendizado.

O amor é a resposta. Ele é uma das armas mais poderosas durante a caminhada.

A SINCRONICIDADE DA TRAGÉDIA

Vi o nome da família de um amigo ligado à tragédia das chuvas, logo no primeiro dia, tragédia essa que ocorreu em janeiro de 2011 na região serrana do Rio. Enquanto escrevo, até esse momento já são 550 mortos. Amanhã serão mais e mais desenterrados dos escombros e da lama. Vítimas e algozes. Conheço várias pessoas que moraram e moram em Friburgo, pessoas que têm uma forte ligação kármica comigo, com fatos fundamentais em minha vida e em minha formação como indivíduo. Sempre ouvimos que no Brasil não há guerras, mas em compensação vivemos tragédias naturais que se repetem todos os anos, resultado de responsabilidades pessoais e públicas, além das espirituais.

No dia seguinte à morte de uma família de conhecidos do meu amigo, fui ao centro da cidade e entrei – por instinto – em uma igreja na qual rezei por uma hora. Uma das condutoras da missa disse ser de Nova Friburgo e afirmou que a tragédia ocorreu por questões espirituais, que a lama simboliza uma cobrança, que a lama simboliza a lama da alma, de muitos que se foram. Se o que ela falou foi duro, não me compete julgar, mas todos sabem, ou não querem saber, que há mais lama na alma humana do que as aparências mostram. Como disse, não me cabe julgar e nem afirmar que toda morte é um acerto de contas.

Após meditar na igreja, ficou claro que a tragédia que se abateu sobre centenas de famílias me libertou de alguns compromissos kármicos. Para o novo vir, o velho tem que passar e os senhores do karma não cedem aos desejos e amores humanos, desejemos ou não, rezemos ou não. Deus não é seu, não é meu, não é nosso.

A palavra lama – dita na igreja –  ficou na minha cabeça: um anagrama (do grego ana = “voltar” ou “repetir” + graphein = “escrever”), um jogo de palavras, que rearranja as letras de uma palavra ou frase para produzir outras.

Depois segui para o Centro Cultural Banco do Brasil, onde havia uma exposição sobre a poetisa e doceira Cora Coralina. “Sou uma recriação da vida”, disse e completou: “Tenho comigo todas as idades!”. Rimou com sincronicidade. Coralinado, chorei, sentei e escrevi o poema abaixo sobre a tragédia do Rio.

 

A notícia entrou em casa, foi só ligar o computador

Quanta dor, quanta dor

Não há chão, só lama

A todos iguala, quem odeia também ama

À luz, seguem as almas, vêm e vão

Me atravessam como se nada fosse ou um caminho, então

Passam por mim para fechar uma ou várias portas

Almas perturbadas, mortas

E como dói me atravessar

Lembrei do amigo, “me liga”, ligação perdida, tenho que te contar uma

Me conte duas, me conte mais

Se está vivo há o que contar, quando se morre, contam por ti

De Nova Friburgo, o burgo que Deus soterrou, à terra do Imperador

Teresópolis, de Teresa Cristina, a Imperatriz, o seu amor

Contem os mortos, quantos há, há que ter força pra reiniciar

Andei, voltei, retrocedi, adiantei como fita, não sabia pra onde ia

Rodrigo Silva, nem vi, virei, entrei

O negro cantava na igreja, a pomba amarilla no vitral, brilha, rija

Quem entrou? Eu e as almas

Quem errou? A moça da igreja falou que foi castigo

Terá sido falta de amor?

Uma família inteira morrer é ciência ou coincidência?

Na manchete de jornal, a morte, muita pouca sorte

Olho por olho dente por dente

Católico, crente, todos indigentes

Rico e pobre que nasce e morre, que ama e trai

Há que enterrar, há que crismar

Andei para não pensar, para o meu Banco do Brasil amado

E quem lá me esperava? Jorge Amado e Coralina de Goyás, que alíás

É como minha mãe que não morre jamais

Em Goyás de Friburgo

Em Portugal e Pernambuco

É sim, amigo Paulo

Ao homem, não cabe julgar

Do ônibus, vi o mar que tanto amo e só me doía

Minha boca só falava em silêncio, que tudo que é belo, é horror

É agonia