A Magia do Dinheiro

LIVRO A MAGIA DO DINHEIRO – O Segredo da Prosperidade (Christopher Penczak) – 256 páginas – Editora Madras.

“Eu estou no lugar certo, na hora certa, fazendo a coisa certa.”

 Para a maior parte das pessoas a questão financeira, a “estabilidade”, está em primeiro lugar. E por que não estaria? Acreditamos, – no coletivo mesmo -, que o dinheiro resolve tudo. Bem, dinheiro pode acertar muita coisa, mas nem tudo o dinheiro pode comprar… Então, “por que escrever um livro de magia sobre como obter dinheiro”? A resposta é porque dinheiro, quando surge, não vem desacompanhado. Pode vir com um grande número de problemas, que devem ser compreendidos e evitados.

Christopher Penczak, o autor, é profissional de Reiki nas tradições Shamballa e Usui Tibetano, mas se autointitula mesmo, um bruxo que há anos se dedica a expandir a consciência das pessoas de sua comunidade em organizações não governamentais fundadas por ele mesmo e seus parceiros, estudiosos de paganismo.

O livro explica argutamente, por quê e como obter dinheiro (eu digo, além do que já temos) e o que esse fetiche de poder em forma de papel significa. Ao entender as razões, damos início às práticas e através delas somos conduzidos a um ambiente de sugestão mental, que mesclado ao espiritual nos proporciona o dinheiro de que necessitamos. Para quem já leu ou viu o filme O Segredo de Rhonda Byrne, é fácil entender o processo, que é muito semelhante.  Mas com diferenças significativas. Não basta apenas mentalizar, imaginar e pedir. Não é bem assim que funciona. É necessário saber o por quê e para quê.

A questão é que:

1 – Não se fala que as práticas de O Segredo são derivadas da bruxaria.

2 – Se a palavra “bruxaria” te horrorizou é porque já está julgando e julgar é feio. Na bruxaria, como em O Segredo, não existe bem ou mal. Existem energias poderosas que podem ser somadas (e  não “somatizadas”)  fundidas, conectadas,  para se criar o todo, que é a harmonia. Através dessa união, o tal dinheiro surge em sua vida.

As práticas oferecidas ao leitor, são oferendas à natureza, típicas do paganismo. Pagãos não acreditam no Diabo Cristão, mas acreditam na maldade. No paganismo não se fala em pedir nada a Deus, mas ao Universo. Os quatro elementos da Natureza (ar, água, fogo, terra) devem estar sempre conectados, para exemplificar, mesmo que em um ritual, a união de todas as energias. União que faz a força. Você faz o serviço, você mentaliza, você é o único responsável.

Não adianta pedir dinheiro ao Universo, sem dar nada em troca. E não é suficiente pensar que sua ânsia pelo dinheiro se justifica pelo amor que você tem pela sua família. Isso ainda é pouco. Não basta acreditar em “serei feliz com dinheiro” pois de fato, dinheiro não traz felicidade. Mas de que adianta falar isso, se acreditam que dinheiro é tudo de bom…  Bem, ruim não é, mas dinheiro pode ser como semente cultivada em pedra.

Então vamos aos fatos: sem reproduzir parte do que está contido neste livro, fica difícil convencer alguém mesmo, mas a questão apenas se fundamenta em equilíbrio. Sempre.

“A sabedoria da bruxaria realmente guarda um segredo no que se refere à prosperidade. O segredo consiste em viver sua vida com satisfação. Sabemos que se pode ter tudo o que quiser se tiver intenções claras e poder suficiente. Ao praticar magia, você começará a distinguir entre o que realmente quer, o que a sua alma deseja e o que você acha que quer porque a sociedade diz que é assim que deve ser. Aqueles que vivem de acordo com sua alma podem fazer ou ter tudo.”

“O Diabo do Tarô nos ensina como trabalhar coma  experiência do pentagrama invertido, pois ele já o REVERTEU. Ele está conectado ao nível mais profundo do espírito e por meio dessa conexão, liberta-se e tem um verdadeiro propósito. Aqueles que não compreendem que sua segurança e liberdade máximas vêm da conexão espiritual com a  abundância do Universo são aqueles que vivem em desequilíbrio. Eles buscam a segurança e a liberdade no mundo material, querem acumular fortunas, querem mergulhar em tudo o que está disponível, guardando tudo para si. Eles querem FARTURA e não PROSPERIDADE.”

“PROSPERIDADE não é apenas energia, mas um estado de consciência.”

“Para eliminar um programa (obs: mental, imposto por séculos de cultura ocidental), devemos chegar à sua raiz, à sua origem. Devemos compreender essa raiz e “desenterrá-la”, mas também temos de analisá-la, conhecer as circunstâncias que a geraram.”

muita gente no mundo, em especial no Terceiro Mundo, que está ocupada com o nível de consciência do chacra básico ou da raiz (entre os órgãos sexuais e o ânus), o nível da sobrevivência. Afinal de contas, essas pessoas vivem em condições de extrema pobreza e má nutrição. Essa noção de espiritualidade é baseada em um falso programa (obs: ou programação) que considera o mundo físico mau ou vergonhoso – são os que têm maiores problemas com o dinheiro. No entanto, muitas pessoas que vivem na pobreza sentem prazer na vida.”

“Se quiser receber PROSPERIDADE, liberte-se de tudo em sua casa, que você não necessita. Devolva ao Universo abundante e, ao criar espaço em sua vida, o Universo retribuirá. Caso não se liberte de livros, discos, vídeos e roupas, que dizer que você não entendeu o objetivo.”

“Nossa primeira relação emocional é conosco. Não podemos nos relacionar com qualquer outra coisa ou pessoa sem antes ter uma conexão interna conosco. “Conhece-te a ti mesmo.”

“Agradeça todos os dias pelas coisas que você é grato em sua vida.”

“Você deve ser capaz de não falar apenas com o Universo e com outras pessoas, mas também deve ouvir e compreender as mensagens que elas e o Universo querem passar (obs: SINCRONICIDADES).”

“O desejo por riqueza, sexo, segurança não é mau. Tudo é divino. No entanto é importante distinguir NECESSIDADE e VONTADE. Nenhuma necessidade ou vontade é errada, desde que sejamos honestos conosco e com nossas motivações. As virtudes pagãs de autoconfiança, diligência e perseverança têm papéis importantes para quem quer ser bem-sucedido na vida.”

Christopher Penczak exemplifica em vários tópicos como são essas práticas de magia, além de destacar que nem sempre o mundo mágico está imune à capacidade humana de incompreensão. Penczak ilustra os casos com exemplos, inclusive pessoais a respeito de problemas com alunos e práticas de limpeza espiritual. O autor descreve quais são as essências ideais para os trabalhos, além de destacar artes divinatórias como o tarô, astrologia, o uso das ervas, pedras, e lista uma série de feitiços e fórmulas mágicas.

Penczak fecha o trabalho com bons conselhos sobre como ter uma vida equilibrada, inclusive pagando as contas atrasadas.

A SINCRONICIDADE DA INCORPORAÇÃO (em uma festa)

Alejandro, um amigo argentino voltou à cidade do Rio de Janeiro. Decidimos organizar um encontro com todos os seus conhecidos cariocas para recepcioná-lo. Escolhemos uma pizzaria e marcamos para o início da noite. Por mais que um ou outro convidado não se mostrasse disponível, onze compareceram ao encontro, incluindo um, o décimo-primeiro, que teve que ser retirado de casa à força (quase sem resistência). Com três carros, recolhemos os participantes para a noitada e lá fomos nós. No restaurante, três mesas foram reunidas para receber os convidados. Reservamos o lugar no meio para nosso amigo argentino e sua esposa.  Fizemos de tudo para deixá-los à vontade. O portunhol era a língua oficial da noite.  O ruído dos talheres e dos copos, sorrisos e camaradagem davam a tônica.


No meio da festa, uma surpresa: uma conhecida que eu não via há anos, com quem eu não me dava bem, e que nem era amiga do argentino, deu as caras, sem ter sido convidada. Essa “amiga” foi a décima-segunda a chegar. Os onze viraram doze. A “décima-segunda” (vamos chamá-la assim) me viu, obviamente sabendo que eu era o anfitrião, fez um gesto meio incomodado, na obrigação de me cumprimentar, desviou o olhar e falou com um dos convidados, que levantou da mesa principal para papear com ela em uma mesa ao lado. Ficaram lá, os dois, no papo bem baixinho, para ninguém ouvir. E na minha frente. Lógico que rolou um climão, mas não era exatamente problema meu. Eu prossegui na minha. Ela não estava à vontade e nem eu, mas deixei para lá, só que ela estava no meu ângulo de visão. Para evitar maiores constrangimentos perguntamos aos dois exilados por que não sentavam conosco.  O convite foi aceito na hora, mas as mesas permaneceram em três com o acréscimo de uma cadeira. Nem é preciso dizer que ela escolheu ficar na minha frente, os dois frente à frente.

Conversa foi, conversa veio e, em um momento de trégua, não sei dizer se ela ou eu, um dos dois tentou iniciar uma conversa amena. Porém, em uns trinta segundos os ânimos se exaltaram. Alguns dos participantes, notando o aumento do tom de voz da dupla, tentaram apaziguar os ânimos.  “Ninguém é inocente”, já dizia o dito popular e os apaziguadores foram alvejados também – quem manda ficar na linha de tiro?  A terceira guerra estava declarada. Não havia mais argentino para exigir nosso bom comportamento. Então ocorreu o impensável parte um: meu corpo foi tomado por uma cãibra aparentemente sem função. Ou pelo menos, bem no comecinho, eu achava que era isso. Depois percebi que era incorporação. Eu, que não acreditava nessas coisas, fui tomado por uma onda gigantesca de energia.  Cobriu-me da cabeça aos pés, chacra após chacra.  Subitamente, já não era mais eu o único dono do corpo.  Senti-me pela metade, se é que é possível sentir-se assim.  Para os médiuns e afins, esse é um acontecimento trivial: incorporar, mas em público e cercado de testemunhas era uma situação estranha. Estava incorporado por algo, ou por alguém pela metade, como se tivessem dividido meu corpo em regime de comuna. Socializaram-me no nível espiritual.  Só faltava a placa: “Sob nova direção”.


É uma sensação estranha, como se o “convidado espiritual” (fosse um espírito, alguém ou você mesmo projetado, em outro nível de consciência) passasse a mandar na sua casa – sem ter lhe sido apresentado. Assim que recuperei a direção do olhar, fitei a “décima-segunda” olho no olho. Entrei dentro dos olhos e a partir daí, lhe escaneei a alma, o antes e o durante. Pude acessá-la por completo, com os dados entrando em meu HD sem interferência. Seus olhos eram como vitrais em profusão de revelações.  Pupilas, córneas e íris não eram empecilhos para chegar ao seu âmago. Tornou-se translúcida. Juntamente com a nova visão, chegou um brinde: uma redentora compreensão “técnica” do objeto estudado. Se é que posso explicar assim. Era possível lhe decifrar os pensamentos, lhe compreender o espírito assim como era possível saber sobre seus erros, acertos, conceitos, vontades, verdades e mentiras.  Haviam me dado passe livre para a mente da “décima-segunda”

Sem autorização, minha ou dela, ou dos outros envolvidos na contenda, comecei a relatar o que lhe ia à alma. Os onze ficaram em silêncio (menos eu que falava). Os talheres cessaram.  O restaurante parou para ver e ouvir aquilo. A Décima-segunda tentou reagir, mas já era tarde.
– Você mente pra si – “nós” (eu e ele) dissemos.
– Como assim “mentir”?  Quem é você pra saber da minha vida?!
– Eu posso ver através dos seus olhos.  Você pode mentir para si, para todo mundo mas não pode enganar todos durante todo o tempo.  Você não é uma pessoa feliz.
– Pare de falar besteira – você por acaso é o dono da verdade?!
– Pense bem sobre a vida que você tem levado. Não pense sobre a minha. Nesse momento não é o Carlos que está aqui falando. Ele está tão ou mais surpreso do que você. Há um convidado dividindo o corpo: eu.  Ele queria te ajudar há muito tempo mas não tinha como. Imagine o grau de dificuldade que foi arrumar esse encontro para colocar vocês dois, frente e a frente. Há muita coisa envolvida nessa história. Julgue, reflita e prove se eu estou errado.
– Eu sou muito feliz!  Reagiu enfaticamente. – Você não tem noção do que está falando!  Eu sou a pessoa mais feliz deste mundo!
– Vamos ver. Se você reagir saindo desse círculo vicioso, ficará mais fácil sentir a diferença entre quem está sentada aqui e a nova pessoa na qual você se tornará daqui a seis meses. O caminho será difícil, mas extremamente produtivo.  De todos nesta mesa você é a maior necessitada e a maior esperança de mudança.

Assim que “terminamos” o linchamento, o clima foi de consternação.  Até o maitre havia parado para escutar.  Lentamente o “convidado” que tomara conta do meu corpo, se retirou.  Imagine a minha cara quando ele me deixou sozinho…  Sejamos francos, você convidaria o imponderável para a sua festa?  Você faria uma rega-bofe em centro espírita? Vaticínios respeitam a etiqueta?


Conviver com alguém assim (ou seja: pessoas que incorporam em eventos sociais) dá um certo receio. Os que não me condenaram, consideraram-me caso para internação.  Aquela foi a primeira e última reunião do grupo dos doze.  Não sei se o acontecido foi a gota d’água ou se ali uma nova fase teve início. Ainda é cedo para maiores conclusões.  Tenho de chegar aos cem para ter certeza. Não poderia pedir que me compreendessem, até isso eu entendia, eu deveria ficar, como fiquei, calmo com o linchamento: “Que absurdo o que VOCÊ (obs: EU?) falou para a menina!” e coisas desse tipo. Situaçãozinha surreal, hein?

Não se passou um dia sem que os telefonemas de reprovação recomeçassem: “Por que você fez isso com a coitada?”, “Você está perdendo o controle”, “Por que você não tira umas férias?”.  Fui soterrado por críticas e respondi com sorrisos.


Os meses se passaram.  O eclipse descrito na postagem anterior deste blog chegou (Operação Espiritual e Fim do Mundo – um testemunho). Aconteceu o que aconteceu.  Um tempo depois, em uma dessas “sincronísticas” viradas de uma esquina para a outra, onde nunca se passa, onde nunca se pensa em passar, a “moça do outro lado da mesa”, a “décima-segunda” esbarrou comigo na rua.  Eu a caminho de casa, ela vindo da praia.
– Eu queria te pedir desculpas por aquela noite… – comecei.
– Não, não, não, sou eu quem te deve desculpas. Você tinha razão. Eu era muito infeliz mas não queria assumir. Quando parei para pensar vi o quanto eram equivocadas minhas últimas decisões. Meu casamento estava um tédio. Eu não evoluía profissionalmente e resolvi dar um fim nisso.
– De qualquer jeito, me desculpe pela forma como falei contigo.  – Me desculpei pelos “dois”.
– Deixa pra lá, já passou – disse, erguendo o rosto.

Quando mirei em seus olhos vi uma pessoa tentando seguir um rumo diferente, mesmo que novos problemas surgissem. A implicância que eu nutria por ela havia desaparecido. Nada como um dia após o outro. Alimentar essa bobagem por tanto tempo… Nada a ver.  Nos abraçamos.  Pedi mais desculpas pelas perseguições ao longo da década, o que, colocando em miúdos, já contabilizava bastante tempo e perda de energia.  Ela sorriu.  Sua voz estava mais branda.  Desejei muito boa sorte e coragem.  Nada como a sensação de amar indiscriminadamente. Amadurecimento tem a ver com algumas mudanças, ajustes e perdas. Estamos em constante evolução, analisando conceitos e ideias. Não dá para ficar perpetuando o que já mofou.  Fiquei feliz por ela e por saber que podemos dar um rumo novo às nossas vidas.


O “convidado” (do além) sem convite era dos bons, ele sabia das coisas.  Às vezes fico preocupado dele baixar em outro – não por ciúme, mas para ficar vigiando meus passos.  Fico imaginando o vexame que passei aquele dia – imagina se eu entro em um supermercado e a balconista começa a me dar um pito histórico, falando dos erros cometidos nas encarnações anteriores?  Coisa de louco.

Curiosamente, soube algum tempos depois, que a “Décima-segunda” havia decidido separar-se do marido americano durante o mesmo eclipse, que mencionei acima (Nostradamus). Ela simplesmente fez as malas, deixou o apartamento em Nova Iorque onde era bancada e se entorpecia, sofreu os efeitos do eclipse, entrou no avião, sem dar adeus ao gringo e voltou ao Rio.

Anos após esse encontro na rua, soube que ela havia voltado a viver com a mãe no interior e que ela havia se machucado, caindo de uma janela, ou ferido a mãe, já não lembro bem, mas o fato é que ela voltara a se drogar, a beber sem parar. Tivera a chance, e por um momento compreendera que dava para ter uma vida diferente, sem drogas e sem energias negativas, mas ela simplesmente não quis.

Nesse momento, o espírito se retira. Ele fez a parte dele.

Essa é uma das lições que aprendemos na vida: que as pessoas que nos tentam fazer mal, na verdade não são nossos “inimigos”: elas são importantes em nosso processo de amadurecimento; são mestres na arte de nos depurar para nos tornarmos mais tolerantes e nos ensinam a perdoar.

Me sinto muito feliz quando vejo o Cruzeiro do Sul sobre minha cabeça – por mais longe que ele esteja -, o que me dá muita segurança.  Costumo sorrir para o Cruzeiro.  E ele me dá uma piscadela de volta. Agimos como confidentes. Segui o meu caminho. Décima-Segunda seguiu o dela.  Nunca mais nos vimos. Décima-Segunda era indispensável àquela noite.  A festa, na verdade, não era para o argentino mas, sim, para ela.  Esse pessoal do “outro lado” tem cada uma…  

Cada um dos doze convidados leva a sua vida agora. Muitos não estão mais no Rio, outros separaram-se, alguns trocaram de amizade, de profissão, mas todos estão vivos.

E a vida continua…