Conversas diárias com DEUS.

Não conduzo minha vida, quem a conduz é DEUS.

Não me rendo perante às dificuldades, mas me sinto muitas vezes cansado. Nessas horas, lembro de uma grande amiga que diz: “Entregue e Confie”. Essa é uma grande verdade: entregar-se é um ato de total confiança no bom “julgamento” do destino. Entregar não significa desistência, mas confiança de que o resultado vindouro será o melhor para todos.

Confiança ilimitada seria excesso de confiança? Nós somos os piores julgadores de nós mesmos: ou nos excedemos em elogios e críticas aos “outros”, ou nos desmerecemos. E como saber de que “lado” estamos, se Deus, afinal de contas, é por todos, pois somos todos filhos Dele? Essa é uma questão que frequentemente volta à baila. Talvez, o julgamento de “certo” e “errado” não nos pertença, nem a juízes, nem às leis. Até mesmo por uma questão de sobrevivência mental e cultural da “espécie” nos apegamos a esses julgamentos: de que os “outros” são maus e nós “bons”. E isso gera dos pequenos aos grandes conflitos mundiais. Mas não somos todos filhos de Deus? E Deus tem filhos maus? Será que ele mesmo não deixa com que nós mesmos, e nossas energias resolvam a questão, sem qualquer ingerência? Isso posto, sem julgamentos sobre a fé, religião, ou filosofia que você segue.

Na maior parte do tempo, eu confio.  E o tempo, como senhor da razão, me mostra as falhas e as decisões corretas após alguns anos, às vezes décadas. Não vejo o dia-a-dia como rotina, pois espero, e realmente ocorrem, tantas surpresas, que cada dia tem o seu próprio espectro de variáveis. E todas nos conduzem a tomar decisões e essas escolhas nos levam a novas experiências, para que possamos viver ainda mais novas e mais amplas oportunidades. Enquanto agradeço a DEUS, por estar de pé de novo, aproveito e renovo a esperança no amanhã para viver o hoje com intensidade sincronística. Literalmente, o melhor a fazer é confiar.

O ato da entrega te submete todinho à ação do “acaso”, que “por acaso” não tem nada de “acaso”.

2013 será um ano de colheita do que foi plantado em 2012 e até bem antes, décadas inclusive. O que foi plantado neste ano estava escrito, ou “pré-plantado”. Sempre esteve “aqui”, como consequência de decisões tomadas anteriormente, no “ontem”, “hoje” e “sempre”. Desejo, sinto,pressinto e quero que minha vida mude radicalmente em 2013. A energia que habita meu corpo precisa de mais espaço, talvez de um “novo corpo”.  Necessito que o que foi plantado se manifeste intensamente. Segui o fluxo da vida, me atirei de cabeça e segui confiante. Nada tenho a temer. Nada tens a temer. “Entregue e Confie!”.

Suas decisões são regidas pelo medo? Pela mágoa? Por fraqueza ou pelo desejo de ser o dono da situação?

Perdoe, reze, mentalize e agradeça pelas conquistas e “fracassos”.  Agradeça pelos conflitos e desafios, pelos amores e pelas dores. Depois, e com a devida compreensão, libertado das amarras, você renascerá.

Repórter: “Devemos conversar com DEUS o tempo todo? Dê um exemplo do que você quer dizer com isso.”

Donald Walsh: “Você nunca pegou um telefone para ligar para alguém e essa pessoa já estava na linha? Ao dirigir, nunca pensou que nada faz sentido na sua vida e na rádio toca uma  música que fala diretamente a você? Ou quando uma pessoa entra em sua vida, aparentemente do nada, e você fica pensando como pôde viver sem ela? Tudo isso é DEUS.”

Donald Walsh, autor do livro Conversando com Deus.

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O seu mundo é uma criação mental.

Essa é um dos segredos das sincronicidades: elas se manifestam porque você as cria. Elas piscam como faróis, para que você mesmo “se” avise qual é a melhor decisão que o seu próprio Eu, ou o seu DEUS interno já escolheu. O Deus interno tudo vê e percebe sem amarras, enquanto você vê e julga. Mas o absurdamente incrível dessa história é que uma escolha sua pode ser derivada de decisões de terceiros, quartos e quintos espalhados pelo mundo, que não se sabe o por quê, têm ligação contigo, inconsciente. O resultado de uma ação, mesmo sem intenção, de um desconhecido afeta diretamente a sua vida porque estamos todos ligados através do tempo-espaço. Essa conecção misteriosa te conduz à real felicidade.

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Pai, cão e filho.

Contarei alguns casos, uns de 2008 e outro da semana passada.

Havia um personagem, menino, na série de TV, LOST, chamado Walt que conversava com bichos e pressentia coisas. Discutindo com o pai, Walt reclamou: “Você nem sabe o dia em que eu nasci!”. E o pai respondeu: “Claro que sim, foi em 28 de agosto!” Bem, 28 de agosto é o dia e mês em que nasci. Tomei um susto. O garoto era uma espécie de sensitivo. Como um epissódio de um seriado escrito há anos fala comigo HOJE de uma data que se relaciona contigo, no exato momento em que essa pessoa (eu) estava disponível em frente a TV? Isso provaria algum determinismo?

Logo depois ocorreu outra sincronicidade na mesma série: O personagem Hurley foi conversar com uma taróloga em busca de respostas. Quando ela abriu o jogo de cartas, era o mesmo jogo que eu tenho, um tarot especial, diferente dos tradicionais. Só tinha dois jogos em casa e um deles era esse.

No início de 2008, faltava 250 ou 300 reais para saldar uma dívida. O cheque que eu havia depositado iria bater sem fundos. No dia seguinte, de manhã, quando tiro o extrato, estava tudo bem, a conta zerada sem dívidas! O dinheiro que faltava surgiu do “nada”. Fui checar dias depois e era o pagamento de direitos autorais feitos naquele exato dia. Esses pagamentos podem levar até mesmo um ano para acontecer – se acontecerem. No outro dia, eu só tinha 60 reais para pagar 2 contas e depois de quitá-las, ficaria sem “nada”. Após pagá-las, decidi ir à uma casa lotérica. Reparei que os números da dupla sena eram os mesmos que eu sempre jogava: eu tinha ganho 60 reais, exatos.

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Neste final de semana, em novembro de 2012, tive que fazer uma prova em outro bairro. Ao procurar o endereço, me deparei com uma sequência de três ruas muito significativas: Coração de Maria, Getúlio e José Bonifácio, a última no bairro de Todos os Santos (obs: mesmo que por brincadeira, pensemos que não era apenas UM santo, mas TODOS juntos!).

José Bonifácio.

Como já escrevi em outras oportunidades, estudo muito a história brasileira, principalmente a partir da chegada da Família Real ao Brasil em 1808. José Bonifácio foi uma personagem histórico de fundamental importância, inclusive para a nossa Independência. Retornei a esse bairro da prova, após quase 2 décadas. Eu frequentava na própria rua Coração de Maria, ou próximo a ela, um dos núcleos da Gnose no início da década de 90. E em 1996, como já relatado neste blog, vivi uma experiência com a Nossa Senhora de Fátima em Portugal.

Coração de… Maria.

Caminhando em direção à rua, meu irmão me liga para dizer que estava em uma praçinha com a filha e que acabara de ouvir um pai chamar o filho: Gael! Esse é o nome do meu filho, recém-nascido. Parecia um ótimo sinal. E no trajeto à José Bonifácio, uma pessoa acena e se aproxima. Era um músico, que não via há tempos.

“Nem acreditei que fosse você. Eu moro nesta rua. Que coincidência! Acho que a gente não se vê há 8 anos.”

Senti que o encontro não havia sido à toa e aguardei por alguma intuição. Contei para ele que estava de volta à rua após quase duas décadas e acrescentei que havia sido pai recentemente. Contente, ele me apresenta a esposa. Começo a  sentir a intuição mais forte, quase pulsando, e após um preâmbulo sobre “coincidências” e Deus (eles disseram que são evangélicos) olho bem nos olhos dela e pergunto: “Você está grávida, não é?”

Ela se assusta um pouco, e confirma: “Há 2 meses… Como você sabe?”

“Nos reconhecemos após tanto tempo, porque estamos em sintonia e só poderia ser por causa da chegada de crianças em nossas vidas. Esse é o poder de Deus”, respondi.

É preciso convicção para dizer essas coisas, certamente. Só não acrescentei à questão, a pista do número 28, uma constante em minha vida.

2 meses de gravidez e 8 anos sem ter encontrado o “futuro” papai.

Obs: Havia me esquecido: a sala da prova era D208

MEU ENCONTRO COM A VIRGEM DE FÁTIMA NA COVA DA IRIA.

O Natal, comemorado em 25 de Dezembro, é a data do nascimento de Jesus, o Cristo.

Para os que assistiram ao filme Zeitgeist, 25 de Dezembro era a mesma data de celebração ao nascimento anual do Deus Sol no solstício de inverno. Segundo vários estudiosos, a data foi adaptada pela Igreja Católica no terceiro século D.C., para comemorar o nascimento de Jesus de Nazaré com o objetivo de converter os pagãos, durante o Império Romano.

O que pensar? Teria Jesus existido? Sua mãe, Maria realmente existiu? São respostas difíceis de dar, ainda mais porque se apoiam no relato de um livro considerado sagrado.

A cada um cabe a decisão baseada no tamanho de sua fé e de sua crença.

Pelo método científico, o mais aceito pelos ateus, cartesianos ou descrentes, só há um jeito: a necessidade de comprovação.

No plano espiritual, certamente as provas são mais lúdicas do que as factíveis comprovações documentadas em laboratório.

Esse depoimento que dou agora, é consequência do Natal, é claro mas também de uma mudança radical em minha vida.

Há pelo menos 25 anos vivencio fenômenos espirituais: já incorporei, presenciei poltergeists e minha mãe desencarnada já se comunicou comigo.

Há o momento de deixar o mundo espiritual ser uma realidade em sua vida e não ser apenas uma teoria. Há o momento de se calar, e o de aguardar o momento certo para falar, para se declarar.

Hoje falo de coração aberto: tive um encontro com a Virgem de Fátima há 15 anos.

Esta história está relatada no meu livro Mágica Vida Mágica. Abaixo faço um possível resumo do encontro, ocorrido em Leiria, Portugal em 1996 e incluo um mapa que mostra o caminho que segui (uma via-sacra) até o encontro com a Virgem.

 

“Estava em um hotel no centro de Lisboa em 1996. Havia ido a Portugal sem dinheiro, na verdade com dinheiro emprestado e naquela época enfrentava muitos problemas pessoais. As coisas que deveriam ser fáceis, se tornavam mais e mais difíceis graças a um conflito de energias, uma batalha real entre o novo e o velho, entre o bem e o mal. Quando comecei a pegar no sono, já de madrugada, ouvi uma voz que sussurrava no meu ouvido: “Fátima, Fátima…”. Como nunca conheci uma moça chamada Fátima, não entendi absolutamente nada e passei a me virar na cama, sem posição. Por volta das 4 da manhã, entendi que Fátima era uma outra cidade em Portugal, na qual no início do século XX, a Virgem havia aparecido para três crianças. Essa conclusão me apavorou, mas eu precisava fazer algo, ter um ato de coragem e determinação. A minha alma já sabia que só havia uma decisão a ser tomada.

Foi difícil levantar-me de madrugada, para tomar o caminho da rua, mas eu não poderia, em hipótese nenhuma, não ter tentado. Eu me puniria, talvez por toda a vida, se não tivesse me arriscado. Sem saber como chegar à Fátima desci na penumbra e perguntei para as poucas pessoas que encontrei na rua, sob o céu madrugador, que direção seguir. Um barbudo me ofereceu drogas ao invés de informação.

Cheguei ofegante, na maior correria, em uma estação de trens na hora em que o comboio estava prestes a sair. No trem, “puxei conversa” com uma senhora de óculos, que sentara ao meu lado, a respeito da estação de Fátima, onde descer, etc. Ela seguiu comigo até a metade do caminho, exatamente até uma baldeação para que eu pegasse um ônibus e prosseguisse em meu caminho. Antes de se despedir, ela me mostrou uma foto. “É do Brasil”, ela falou. “Do Brasil? O país é um pouco grande…”, pensei. Da sua bolsa, surgiu uma foto acobreada que para o meu espanto, exibia exatamente a minha casa, antes mesmo de ser construída. Sem haver me refeito do susto, olhei a imagem com atenção e vi que não existiam os edifícios que conheço.

— Esta é a última foto que meu irmão enviou do Brasil, ela explicou com tristeza e uma reticente esperança.

Não consegui lhe dizer que era exatamente ali onde eu morava. Era coincidência demais. Até eu mesmo fiquei horrorizado. Lhe prometi que tentaria localizar o endereço e anotei o seu endereço, que coloquei em uma mala que se extraviou na viagem de volta ao Rio de Janeiro. Pelo visto, não era para manter mais contato mesmo.

Assim que cheguei em Fátima, meu coração batia muito forte, entre feliz e assustado, mas convicto de que eu havia feito a coisa certa. Segui em frente com passos firmes. De longe, vi a cruz e a torre sineira e me senti diferente, anestesiado. Segui adiante, enquanto observava os peregrinos e os pagadores de promessas de joelhos, de costas para o mundo, em direção à Virgem. Emocionado, vi a árvore, a Azinheira Grande, sob a qual os pastores receberam as mensagens da Virgem.

Me aproximei da Capelinha das Aparições. Sentei para meditar sob o alpendre, enquanto se desenrolava uma missa. Depois de uma boa meia hora, levantei e segui até a Basílica onde sentei em um dos últimos bancos, sem conter as lágrimas de felicidade. Como algumas pessoas se incomodaram com o meu soluçar, deixei o templo. Me afastei da área dominada pela colunata e intuído por uma estranha curiosidade com jeito e cara de ordem, segui por uma rua à esquerda até um acesso a uma subida.

Percorri uma via-sacra (número 11 do mapa), que seguia até o alto, com os meus passos marcados por 15 capelinhas. Uma imagem de Nossa Senhora com os braços estendidos me acolheu ao final da caminhada (números 16 e 17). Agradeci e me sentei à sua frente, de costas para ela, para olhar a paisagem. Lá do alto, a cidade exibia suas muitas casas recobertas com o mesmo teto avermelhado sob a imensidão do céu azul. Refleti sobre os prós e contras daquela viagem, da minha vida que parecia sem sentido. Pedi uma resposta do fundo do coração, pois eu não tinha mais forças para lutar, estava cansado e desanimado. Alguns turistas japoneses e um vigilante deram as caras, mas não permaneceram durante muito tempo no local.

Repentinamente, se fez um estranho silêncio, pois não havia mais ninguém no alto do morro. Todos haviam se evaporado. Após alguns minutos, uma sutil mudança no ar tomou conta do ambiente. Sem esboçar qualquer reação, notei que a brisa e os sons haviam cessado. As folhas das árvores não me acenavam mais e nenhuma nuvem se movia no céu. Tentei falar e virar meu rosto, mas não consegui: estava com todos os músculos paralisados. O mundo emudecera, estacionara congelado e eu era a única testemunha. Não me desesperei, acatei. Não tentei explicar o que acontecia e nem me perguntei se somente aquele local havia parado no tempo, enquanto lá embaixo, a Terra continuava como antes. Talvez a viagem inteira tivesse sido uma desculpa muito bem engendrada para que eu estivesse ali, sozinho, para viver esse pequeno e grande milagre. Lembrei que os meus avós paternos, haviam deixado Portugal em busca de uma vida melhor no Brasil.

Emocionado e paralisado, vivi o milagre de dilatação do tempo sob um prisma religioso.

Então suavemente, uma luz cheia de presença massageou-me as costas. Fui abraçado por uma imensa e acolhedora luminosidade difusa vinda por trás. Era de dia e as duas formas diferentes de luz interagiram sem conflitos: a do sol acolheu a luminescência espiritual, sem que uma negasse a presença e a força da outra. Como não pude me virar, e nem ver com meus próprios olhos, só me restou vivenciar. Muitas pessoas precisam de provas, de fotos que comprovem os fatos, mas àquele momento, mais importante do que provas, ou ser posto à prova, foi ser a prova do amor transcendental.

Depois de algum tempo, que tanto poderia ser calculado em segundos como em horas, os sons e o vento retornaram mansamente à “normalidade”. Quase como um fóssil retornado à vida, mexi a ponta de um dedo, depois a mão inteira e por fim os braços. Respirei profundamente e estalei o pescoço, antes de me erguer. Quando me virei para saudar a imagem da Virgem de frente, abaixei o meu rosto em sinal de respeito e agradecimento. Havia uma placa logo abaixo da imagem: “Nesse local, ocorreu a última aparição da Virgem.”

Chorei convulsivamente.

Nesses primeiros meses de 1996, eu sabia que a pessoa que eu havia sido, estava se transformando, entrando em uma nova fase da vida.

Relatei essa história, durante os anos, a alguns conhecidos. Na maior parte das vezes, vi incredulidade, mas hoje, 15 anos depois desse encontro, não tenho nada a temer. Nada mais me preocupa, não me submeto ao julgamento alheio, só estou relatando a verdade.

Um pouco antes do livro Mágica Vida Mágica ser impresso, e 15 anos após eu ter estado em Portugal, uma Capelinha das Aparições, idêntica a de Fátima, foi inaugurada no bairro do Recreio no Rio de Janeiro em 2011, bairro para o qual meu irmão havia se mudado, um pouco antes. ”

Nada ocorre à toa nesta vida.

E nem em outras.

Imagem de Nossa Senhora Chora

“Padre, a imagem está viva!”.

 

Foto revela o exato instante em que meninos e meninas da Paróquia dos Santos Anjos, no Leblon, se surpreendem com uma lágrima que teria brotado do olho direito da imagem de Nossa Senhora da Conceição | Fotos: Divulgação e Paula Beatriz Brasil (O Dia online)

Frequento algumas igrejas no Rio, não para participar de missas, mas para meditar. Tenho algumas favoritas como a da Lampadosa, N.S. do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, Santa Luzia, a maioria no centro histórico e algumas perto de casa. Uma delas virou notícia há alguns dias: a Igreja dos Santos Anjos no Leblon, por causa de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, que chorou. O fenômeno, presenciado pela maioria das 40 crianças presentes e alguns adultos que participavam da cerimônia, no final da tarde do último sábado, foi registrado em fotos. O fato teria acontecido durante missa em que a santa foi coroada. Inicialmente, concentrados na missa e aturdidos pelos “cupins do calor” que invadiram a templo, ninguém percebeu o fenômeno, a não ser as crianças de 9 anos de idade que fazem catecismo.

Chorando, a pedagoga Cláudia Talesfero, 45, e o marido, o advogado Gilmar Talesfero, 49, que moram no Méier, na Zona Norte, foram de manhã à missa na paróquia e, assim como dezenas de pessoas, fizeram questão de visitar a imagem. “É emocionante”, comentou Cláudia.

Depois da missa, ninguém mais viu mais o líquido na rosto da santa.

Segundo o padre Marcos Belizário, não é a primeira vez que paroquianos da Igreja dos Santos Anjos, na Avenida Afrânio de Melo Franco, viram algo incomum durante as missas. No dia 27 de setembro de 2009, durante a celebração, vários fieis avisaram o pároco que viram o rosto de Jesus Cristo projetado no altar.

O arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, vai mandar investigar a suposta lágrima que teria brotado do olho direito da imagem de Nossa Senhora da Conceição.  Para o assessor de imprensa da arquidiocese, Adionel Carlos da Cunha, “é certo que houve, de fato, algo fora do normal, que carece de ser estudado”.

Catolicismo Renovado, a Virgem e Pedro Siqueira.

“Se você quer voar, primeiro aprenda a andar.”

Friedrich Wilhelm Nietzsche.

Em uma postagem anterior publiquei um vídeo e um pequeno texto sobre Pedro Siqueira, um advogado carioca, autor do livro “Senhora das águas”, que diz receber mensagens da Virgem, seja de Fátima ou de Medjugorje.  Com um livro no mercado, tocando um bom violão, e sendo um sujeito carismático (sem trocadilhos) como ele não poderia fazer sucesso?

Pedro Siqueira, foto Extra On Line.

Havia escrito sobre o assunto para o nosso blog, mas como eu ainda não o havia presenciado, isso me incomodava um pouco. Acreditar por acreditar é questão de fé, mas a pulguinha do repórter investigativo andava soprando no meu ouvido… Inclusive recebi vários tipos de mensagens dos leitores: uns incrédulos e outros querendo acreditar e muito. Andei pensando em testemunhar o encontro com Siqueira, que ocorre em um bairro perto de casa, na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, na Gávea, mas me faltava o toque da sincronicidade, ou melhor dizendo, uma forcinha do destino. Como os encontros ocorrem na última terça de cada mês, decidi presenciar a reunião de hoje, terça dia 30 de agosto, por causa de dois empurrõezinhos: fiz aniversário dois dias antes – a proximidade me motivou – e a minha , já famosa, vizinha do andar de cima, me disse que a irmã dela estudara na sala do Pedro, no colégio, antes desse bafafá todo.

E há dois dias, li várias críticas dirigidas a Siqueira, por ele se apresentar apenas em igrejas da zona sul, a parte mais rica da cidade. Enfim… Decidi testemunhar in loco.

Ciente de que muitos fiéis chegavam à pequena igreja da Gávea às 14h para o encontro às 19h30, decidi chegar cedo também. Às 16h20 eu estava lá, mas a igreja já estava lotada. Me dirigi a uma cadeira de plástico, próxima à porta, para não me sentir muito enclausurado. Bem, minha formação é católica, e amo estar em igrejas. Por adoração e respeito, desliguei o celular e saí do ar até o fim do encontro. Literalmente saí do ar mesmo, pois me concentro, medito e projeto minha consciência para fora do corpo, como que estabelecendo uma conversa com o inconsciente, termo esse não muito católico. Se eu desliguei o celular, muitas pessoas não o fizeram e a generalizada falação no templo obrigava os organizadores a intervirem frequentemente ao microfone pedindo serenidade, e que inclusive  deixassem de marcar lugares vazios com bolsas para que idosos em pé pudessem sentar. “Gente, Jesus admira a caridade, deem uma forcinha aí que todos serão recompensados!”, ouvi pelos alto-falantes. Mas sabe como é, pessoas são pessoas. As mentes não serenam e as bocas tagarelam, transformando igreja em feira, no clube Piraquê. Projetado, eu ouvia tantas vozes, que minha cabeça doía. O clima estava bastante tumultuado e eu sabia bem o porquê, só me faltava comprovar. As pessoas querem acreditar, mas precisam de alguém especial para isso, precisam de uma ponte, seja uma religião ou uma pessoa, um “veículo”, um “condutor físico”. Curioso foi reparar a existência de uma igreja evangélica do outro lado da calçada, VAZIA, e a católica com tanta gente que saía pela rua. Havia até projeção do encontro, esquema telão na parede externa da igreja, com som amplificado, para os que não conseguiram entrar. A igreja? LOTADA!  Hora da caça, hora do caçador.

Atrasado, Siqueira chegou às 20h e contou rindo, uma história curiosa sobre o recente nascimento do filho. Um padre amigo do casal, nascido em 19 de agosto, data do milagre de Fátima (19 de Agosto de 1917), disse que devido a Siqueira (nascido em agosto) ter decidido com a esposa (nascida em agosto) dar ao menino o nome do padre, por causa disso, ele também nasceria no mesmo 19! Siqueira não acreditou, mas não é que o menino veio ao mundo em… 19 de agosto!  Incrivelmente, durante o terço conduzido por Siqueira, os presentes sossegaram as matracas, entre manifestações de quase fanatismo, que a meu ver, e sentir, tem menos a ver com “viver a fé” e mais com “precisar de provas para ter fé”.

 A palavra de Siqueira era venerada com a de um santo e a vibração do ambiente mudou completamente com a sua presença. Percebi que as mentes dos fiéis tornaram-se mais receptivas e serenas, acalmando o ambiente, não por que tivessem se educado em minutos, mas porque as pessoas só se concentram no que lhes interessa. A todo minuto alguém pisava no meu pé, se chocava com meus joelhos, me dava “ombradas”, e atrás de mim uma criança pequena me dava chutes nas costas, de tanta gente que insistia em entrar no recinto lotado, contrariando as contrariadas leis da física.

Durante uma hora, Siqueira rezou, cantou (bem por sinal) e entregou aos destinatários mensagens da Virgem, recados de conforto para casais em guerra; pais desesperados com filhos viciados; mães e filhos doentes e negócios quase falindo que não quebrarão. Siqueira, que vê e ouve a Virgem, cita os nomes dos presentes antes de lhes dar as mensagens. O advogado se dirigiu a uma moça que havia tentado se matar e lhe disse: “A Virgem te acompanha, tanto que ela sabe que sua cama é pequena, há um ventilador branco de teto e que seus chinelos estão em determinada posição, etc.”

De certa forma, Siqueira me lembrou Chico Xavier entregando psicografias, mesmo que os católicos mais católicos não gostem de ouvir isso. Mas não se diz que no Brasil, todo católico é espírita?

Às 21h, Siqueira encerrou o encontro e recomendou a todos rezar o terço. Na saída, ouvi uma testemunha, humilde por sinal, sem bolsas Louis Vuitton, relatar que ela havia recebido uma mensagem no encontro que presenciei. O que importa é que a “remetente” estava feliz. Se a questão é confortar as pessoas, um passo importante é dado por Siqueira e um passo que tem muito significado, mas enquanto as pessoas não aprenderem a andar sozinhas, como diz Nietzche, nunca poderão voar. E sempre serão projetos de pessoas, não pessoas livres, espiritualmente cônscias.

Advogado carioca se comunica com a Virgem

Imagens da Virgem fotografadas na igreja de SANTO ELESBÃO E SANTA IFIGENIA no centro do Rio, uma igreja de escravos.

Vídeo do texto abaixo: http://www.facebook.com/video/video.php?v=10150195667594301

Muitos pontos me tocaram, como espectador, filho, amigo e discípulo de Fátima nessa entrevista do advogado Pedro Siqueira (para o programa da Ana Maria Braga) que mantém contato com a Virgem desde criança, mas um detalhe me chamou a atenção: Nossa Senhora pode se manifestar através de um simples fenômeno como a chuva…

Sabe o que acho mais fascinante dessa história toda? Cada um, dependendo de vários fatores (educação, compreensão, fé, religião etc) tem uma perspectiva muito própria do fenômeno. Creio que cada um de nós reinterpreta e vive o fenômeno à sua imagem e semelhança: se você é criativo, os fenômenos também o serão. Como o advogado Pedro Siqueira é muito católico, o fenômeno também é muito católico. Mas nenhuma das formas de contato pode ser considerada certa ou errada: são extensões da mesma luz, da mesma fonte.

Há um depoimento nesta entrevista, de uma moça, a última a falar, que presenciou juntamente com o grupo em Fátima, Portugal,  uma cruz surgida do céu com raios vermelhos, e uma auréola que cercava o sol… Na entrevista há uma foto dessa depoente no mesmo local em Fátima onde tive a honra, o prazer e a emoção de ter tido contato com a Virgem, em uma fase muito confusa da minha vida, em uma fase na qual eu precisava ardentemente me desligar do velho, da roupa velha para me despir, me deixar nu e aí sim poder me reencontrar com quem eu havia me esquecido que era. E esse processo dura até hoje, é um caminho progressivo, contínuo e maravilhoso. E graças a Deus, sem retorno: sempre à frente e com a Virgem.

A SINCRONICIDADE DO 28

“Viver não é necessário; o que é necessário é criar”. Fernando Pessoa – aquele que nada trazia de pequeno n´alma.

Em que dia você nasceu?

Há alguma coisa em sua data de nascimento que te desperta a atenção?

Você reconhece alguma coincidência significativa ligada a números?

Nasci no dia 28. Não sei se por aderência, carinho ou mania, o 28 não desgruda de mim. Achava estranho esse apego todo, mas com o tempo me acostumei e comecei a ver o lado positivo. Como ele me perseguia, eu comecei a persegui-lo: olho por olho, dente por dente. As brincadeiras com o número começaram em lugares inusitados como o valor de um produto no supermercado; os centavos no final de uma conta; 28 graus; acordar às 09:28; o CPF do meu irmão tem a data, dia e mês, do meu aniversário; ver um 28 perdido em meio a uma nova conta de banco; encontrar um 28 boiando em um novo número de telefone etc.

No aspecto da evolução da alma, o 2 representa a polaridade entre emoção e a mente (alma), e o 8, a consciência (espírito) que julga esses veículos.

Mas no 28, o que se destaca é o oito, não tem jeito. O número 8 representa a Justiça, o Julgamento, o equilíbrio entre matéria e espírito, o oitavo chakra Vibhuti. Tem relação direta com o Deus dos Mortos, Anúbis (Saturno) que quer teu coração mais leve do que uma pena.  O Nobre Caminho Óctuplo é, nos ensinamentos do Buda, um conjunto de oito práticas que correspondem à quarta Verdade Nobre do Budismo: o “caminho do meio”, baseado na moderação e na harmonia, sem cair em extremos. O Dharmachakra representa o Nobre Caminho Óctuplo.

Números são coisas matreiras, arteiras, como gênios brincalhões.

Essa tem tudo a ver com a experiência do 28 e do 8: fui ao banco pagar uma conta, mas como estava em atraso, tiveram que recalcular na hora. Eu tinha ideia de quanto seria, mas não sabia o valor exato. Deu X reais mais alguns centavos, um número bem quebrado tipo 35 centavos . O dinheiro que eu havia trazido era exatamente o valor X calculado em reais, mas não os centavos. Meti a mão no bolso de trás da calça e havia exatamente 35 centavos. Fiquei duro, mas paguei a conta. Matutei, meio aliviado e meio “bolado”: “Que coisa! Nem para dar uma folguinha? Precisava ser tão exato assim?” Rindo, vi o lado positivo da história: paguei a conta, cumpri com minhas obrigações. Palavra engraçada essa: obrigação. Obrigar a…

Colocando as coisas em pratos limpos no universo do 28: pago o que devo e quando não consigo, não fico desesperado nem me sentindo um péssimo pagador porque me empenhei, dei o meu melhor, não enganei, não menti, não enrolei, fui claro, mas não deu. A vida é assim. Simplesmente faço o possível e se não dá,  negocio; se não dá para negociar, faço o que posso e quando “nada dá certo” (certo para quem, né?) aceito o ocorrido e não brigo com ele. Curiosamente, tudo sempre dá certo e se resolve quando é chegada a hora, quando a sintonia está boa, quando os pêndulos estão alinhados em meio ao caos. A diplomacia e  a guerra são partes do processo, nem toda guerra é do mal e nem toda diplomacia é do bem, entender o mundo com uma visão maniqueísta não faz juz à grandeza do universo, que repito, é muito mais criativo do que supõe a nossa vã filosofia.

Escher vendo Escher

A imprensa noticiou: “Sábado e domingo são os últimos dias da exposição O MUNDO MÁGICO DE ESCHER do artista holandês Maurits Cornelis Escher (1898-1972).”

Obviamente, como quase todos os brasileiros deixam tudo para cima da hora, a história não poderia ter sido diferente: fiquei na fila durante uma hora e meia antes de entrar no prédio. E sabe aquelas perguntas que a gente se faz? “Por que não vim antes? Por que deixei para a última hora?” ”  Todas passaram pela minha cabeça. Mas uns cinco minutos depois a alma sossega, eu não fico  reclamando, é chato. A gente se aborrece com a nossa “falta de tempo”, mas quer saber? Antes tarde do que nunca. Ficar “plantado em pé” é um problema menor: eu estava lá para ver o grande Escher, que mais eu poderia querer? Como fã de arte, me senti realizado. “Furada”, nesse caso, é um conceito relativo.

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/ultimo+dia+de+exposicao+de+escher+no+rio+reune+milhares/n1300007298311.html

Mas eu não deixaria a história ser tão simples assim, também gosto de complicar um pouco, vamos colocar dessa forma. Superficialidade não é a minha, então eu faço a minha vida ser dignamente profunda e artística. Também gosto do inusitado, ele não me assusta, dá um medinho, mas é um bom medinho, por assim dizer, é parte da brincadeira.

Assim que me aproximei do museu às 11 da manhã, no centro do Rio, e vi o tamanho da fila, senti que não era para entrar. Pelo menos, não àquele momento. Pensei, “mais tarde esse povo desiste e a fila fica menor”. Santa ingenuidade…  Em frente ao museu, há uma Igreja: a da Candelária. Em outra coluna, creio, falei sobre uma visita que fiz à mesma igreja há muitos anos, com minha mãe durante um encontro para ver a Imagem original de Nossa Senhora de Fátima. Entrei na Igreja e sentei em um dos primeiros bancos para meditar. Foi bem legal. Tirei fotos das imagens e desse anjo portentoso, sustentáculo de um parlatório, em cuja frente sentei.

Anjão

inclina avrem tvam et suscipe verba intellectus: Incline-se diante dele e receba as palavras da Inteligência.

Ao sair da igreja, por volta de meio dia e vendo que a fila não havia diminuído, preferi arriscar e ver qual era a exposição no prédio ao lado, no Centro Cultural dos Correios. Para minha surpresa: era sobre Fernando Pessoa, um dos meus poetas favoritos, se não o favorito.

A Pessoa do Fernando

Mal entrei na fila, com poucas pessoas, a porta foi aberta para que todos desfrutássemos do momento mágico, ou de um momento “Pessoa”. Após me deixar levar e flutuar entre as poesias transformadas em mil imagens, entrei em uma sala onde havia uma grande mesa com vários livros de Pessoa para quem quisesse ler. Sentei e logo à minha frente, vi um pocket book de Álvaro de Campos. Fernando, que foi amigo do mago Aleister Crowley devia ter sido mago também e não só das palavras: não satisfeito em ser Um escritor ou Um poeta, foi vários. Pessoa repartiu seu talento em heterônimos, múltipla personalidades, personagens extraídos de si, e o mais famoso deles estava ali à minha frente em forma de pocket: Álvaro de Campos.

Minha poesia favorita, como a de várias pessoas, é Tabacaria.

“Não sou nada.

Nunca serei nada.

Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,

Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é

(E se soubessem quem é, o que saberiam?),

Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,

Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,

Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,

Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,

Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,

Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada”.

Assim que abri o livro, vi que o texto completo de Tabacaria se distribuía por três páginas: a primeira sugestivamente começava em 287. Como nasci no dia 28 de agosto imaginei que haveria alguma surpresa na 288. É claro que havia. Ao abrir o livro, no final da página 288 – que fotografei, mas peço desculpas pela má resolução – encontrei exatamente essa parte:

“O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo”.

Começava assim a primeira linha no alto da página 289:

“Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu”.

A última quadra na página 288  – diagramada assim pelo destino ou pelo inconsciente do diagramador – falou demais àquele instante, falou como um buraco negro que engole todo o universo no meu peito. Creio que não há necessidade de me explicar mais. Curiosamente, a 289 confirmou que eu não estava ali à toa, que àquele livro não estava inutilmente ao alcance da mão e que todas as estradas conduzem a Roma.

Página 228

Havia postado a mais nova edição da revista O Martelo no dia anterior à visita ao museu e para ela escrevi sobre Kant.

Nossa Senhora de Fátima

Me ergui e mais uma vez, do lado de fora da exposição sobre Pessoa, soube que não era para entrar na fila do Escher. “Não é agora”, refleti. Saí de lá, atravessei o centro inteiro com uma energia renovada e fui à Igreja de Nossa Senhora de Fátima, perto do Sambódromo para agradecer. De volta ao museu, por volta de 16h da tarde, ingressei na fila “amarradão”.

Calor? Que calor?

Dor? Que dor?

Cansaço? Que cansaço?

Escher é bom demais. É o próprio Yin Yang

E a vida é Yang para quem não se impõe, para quem conversa em silêncio com ela, como Yin, pois sabe-se que essa dama chamada VIDA é matreira como um 28.

Obs:  O primeiro disco que gravei em 1984 se chamou Ultimatum. Álvaro de Campos, autor de Tabacaria escreveu Ultimatum em  novembro de 1917, que também fala sobre o Brasil:

             tu, Brasil, blague de Pedro Álvares Cabral
 Que nem te queria descobrir
 Ultimatum a vós que confundis o humano com o popular
 Que confundis tudo

A SINCRONICIDADE DO BRASIL

 

A Sincronicidade das Sincronicidades (ou como as partes fazem o todo)

Não tirei o pé de casa durante alguns dias, talvez dois ou três. Se eu sinto que é para terminar um trabalho sem dar-me trégua, o faço sem crises, mesmo que trabalhe 16 horas seguidas (será a endorfina?).

Meu corpo suporta bem a carga de energia do Poder Criador que nos fertiliza de Amor, a semente da criatividade. E criatividade pode ser Amor ou Ego, depende do objetivo, depende da intenção, da interação. É bom trabalhar com um toque de pureza, pois quando o Ego comanda a ação (como por exemplo, fazer algo para provar alguma coisa), a energia não me parece tão abençoada e o resultado é apenas “a menor parte do todo” e isso te afasta da “maior parte do todo”, ou da “melhor parte”, o que é bem mais agregador, completo, bacana e sincronístico. Vivo meu isolamento de monge escritor, sem muitos problemas, pois para mim todo dia é igual ao dia anterior, caso não se faça por onde, caso não se viva a mágica do dia, e a magia necessariamente não está na rua, está em você, pois todos somos Deuses já que a partícula divina está em nós. É genética, é religião, humanidade e filosofia. Mas não adianta querer ser Deus, não é assim que acontece, não adianta exibir o Deus que há em você sem que haja um entendimento do processo, do que é vivenciar que o todo (Deus) está em você (a parte) porque é assim que acontece, não é algo intelectual, mas precisa de discernimento que nem todo mundo tem, um analfabeto ou uma criança podem sentir essa energia, sê-la e um místico pode ficar só no misticismo ralo.

“Mas eu tenho medo dessa história de parte, de todo”, alguém pode sinceramente argumentar. Mas eu também tenho, só que em outra proporção, em um nível diferente, não como o seu e nem você como o meu. E como mesurar, como saber como estamos? Pois é, não dá para saber porque o Ego interfere no julgamento. Mas o Ego serve para muitas coisas: para os artistas, para os políticos, para os ególatras, para galgar degraus na vida social e profissional, para se sair bem nos encontros, etc. Mas então por que recusar o poder do Ego se o Mundo é Ego? Pois é, essa também é uma questão complexa e que certamente envolve receios e medos. Se o mundo é Ego, por que não idolatrar o Ego? Simplesmente, porque você é diferente, porque você é um astronauta sincronizador e se souber disso, não haverá dor, cobrança ou sofrimento. Ah, mas minha mulher, meus amigos, meu filho, meu patrão, a sociedade não entendem, não querem saber, não ajudam, etc. Então dê o seu jeito. E separação faz parte da vida, do aprendizado, não dá para ter tudo para sempre. Tudo é finito.

A soma, quase sempre é difícil de conciliar. E a união dos interesses e necessidades não dependem só de você, dependem do todo, mas é útil entender o  todo através do que é mais “preciso” e do que é “desejado”. Hedonismo e prazer demais não ajudam muito a quem quer se interiorizar. Esses são amigões do Ego, que na maioridade das vezes é péssimo conselheiro.

Voltando ao primeiro parágrafo, fiquei alguns dias sem sair de casa. Após (quase) fechar 3 trabalhos, vi o céu azul e me dei uma folga: “Hoje vou espairecer”. Decidi ver os 140 metros quadrados da tela fenomenal Guerra e Paz de Cândido Portinari (1903-1962) exposto no Theatro Municipal no centro da cidade. Antes, fui entregar um presente de natal para um amigo em um bairro próximo. O prédio era no fim de uma longa rua e ninguém atendeu o interfone. Então um rapaz, morador do prédio que não conheço surgiu e pedi a ele que entregasse o pacote. Pode ter sido um pedido meio “mala”, a pessoa poderia nem querer fazer (e tem todo o direito), mas eu pedi porque senti que era para pedir e nem pensei muito, foi como um fluxo, ou pedia ou ficava com o pacote na mão.  Ele entrou no prédio com o pacote e agradeci. Bacana. Quando me virei para ir embora, vi que bem pertinho, em um larguinho no final da rua havia um santuário. Fui até lá e era a Virgem de Fátima, minha grande amiga. Fui lá e agradeci pela companhia. Me senti abençoado, no caminho certo.


Em direção ao Municipal, ali na esquina, encontrei um chafariz de 1807 (Na foto, não dá para ver a data com precisão, pois como se vê o monumento está pichado). A família Real, fugida de Napoleão, cá chegou em 1808, o monumento é do ano anterior. No Rio de Janeiro, não é difícil encontrar traços do antigo Portugal, mas ter visto o chafariz naquela hora me encantou pois um dos trabalhos que estou escrevendo fala sobre portugueses, índios e negros.

A fila para entrar no Theatro Municipal dava a volta no quarteirão. Como me preparei para uma situação dessas, levei um livro sobre a Guerra do Paraguai para ler na rua. Meu último lugar na fila era em frente ao Clube Militar, que tem dois alto relevos na parte externa do prédio com imagens da… Guerra do Paraguai. 10 minutos depois que cheguei, um amigo das antigas, que fiquei sem ver por mais de uma década, saiu do tal prédio. Nos últimos quinze anos só nos encontramos duas vezes e ambas em 2010: em uma rua perto de casa no início de 2010 e agora. No primeiro encontro, ele me contou da decisão que havia tomado de mudar de profissão porque seu coração o disse e acrescentou que estava feliz. Nesse nosso segundo fortuito encontro, no final do mesmo ano, agora em dezembro, ele me abraçou e falou que estava trabalhando no Clube Militar em um esquema bem mais legal. Ele surgiu no início e no fechamento do ano para passar a mensagem. O amigo abandonou o que nada mais valia para ele, deu uma pernada no Ego e se desapegou, mas para isso teve que ralar, se repaginou, melhorou, progrediu, mas o melhor dele ainda estava intacto: o coração. Na hora, pensei, é claro, que nenhum encontro desses é casual. Nos encontramos em datas simbólicas, início e fim de ano, porque estamos entranhados com a mesma energia: a mudança interna e externa.

Subitamente uma Deusa surgiu na avenida principal em carreata veloz, seguida por vários ônibus festeiros como barcas de quatro rodas: era Iemanjá a frente do cortejo em direção à praia de Copacabana. Iemanjá, linda, nos abençoou com seus longos cabelos e sua vestimenta branca com as mãos doando luz, como Nossa Senhora. A súbita cena me preencheu a alma, pois toda boa surpresa não marca visita, te pega pelo colarinho, te beija sem pedir. Ao vê-la, me senti leve, fazendo parte de algo muito especial, muito lindo, integrado, coeso e único. Sorri, quase chorei.

Na fila, jovens falavam das férias, que estavam loucos para deixar a cidade e de preferência o país. “Quero ir para a Austrália”, “Quero ir para Portugal ficar um ano” e uma menina acrescentou: “Vou trabalhar de garçonete em Lisboa”, etc (um deles falou: “Canadá não, porque é muito frio”). Todos, obviamente, empregados, mas insatisfeitos. E o papo me chamou a atenção, porque eu não estava ali naquela fila gigante para ver um quadro, mas para ver o Brasil, para conhecer o Brasil, para me reconhecer no meu país, no nosso país, para me emocionar e atrás de mim, outros estavam ali para ver um quadro, que poderia ser de qualquer artista, brasileiro ou não, tanto faz. Mas entre nós, eu e eles, apesar de fisicamente próximos, havia uma barreira interna enorme de percepções diferentes da vida e de diferentes objetivos: eles querendo se encontrar do lado de fora e eu querendo me encontrar do lado de dentro.

Portinari é o pintor da alma brasileira. O que se pode entender da obra que representa a brasilidade se ela não existe em seu coração? Só se poderá ver exterioridades, cores e tinta, mas não senti-la, vivê-la com a sua alma.

Depois de uma hora na fila, entramos no Municipal, reformado, lindo, uma coisa de louco e teve inicio uma projeção lindíssima contando a história do quadro Guerra e Paz de Cândido Portinari. O quadro havia sido exposto pela primeira vez, ali mesmo no Theatro em 1956 quando Juscelino Kubitschek era o Presidente. Tenho uma ligação espiritual muito grande com Juscelino e estando ali frente a frente com aquela obra monumental, de extrema beleza, o que eu poderia fazer a não ser me emocionar? A arte tem um poder impressionante de nos liberar, de nos libertar, de dar razão a tudo, de dar vazão a tudo.

Depois do Municipal, quis mais arte e fui para a Caixa Cultural, ao lado, para ver se havia exposições ou mostras.  No térreo havia um conjunto de tapeçarias inspiradas na tela Guerra e Paz. Uma delas me chamou a atenção: um Cérbero, o cão de três cabeças (foto). Quando se vê os dois painéis que compõem Guerra e Paz há tantos detalhes, que não há como perceber tudo, não há como reconhecer todas as figuras, a riqueza de detalhes é incrível e o Cérbero da tela me passou batido, mas lá estava a reprodução do animal em uma tapeçaria, dando-lhe o destaque necessário. O nome de um dos personagens do livro que estou escrevendo se chama… Cérbero.

Subi para o segundo andar. Na primeira sala dei de cara com fotos feitas por Darcy Ribeiro, o grande Darcy, sobre os grupos indígenas Kadiwéu, Urubu-Ka’apor e Ofayé-Xavante nas décadas de 40 e 50. Tudo absolutamente lindo, imperdoavelmente lindo, foi como uma pancada de brasilidade na minha alma. Darcy tudo pode. Mais uma vez associei: o trabalho que estou escrevendo é sobre portugueses, índios e negros. Mas me vi, debruçado, embevecido sobre um determinado grupo: os Kadiwéu. Seus traços belos parecem uma mescla de orientais com andinos e seus rostos, pintados com desenhos geométricos que formam mosaicos, indesculpavelmente lindos. Os índios Kadiwéu ou Cadiueus salvaram uma coluna brasileira (a Retirada da Laguna) de ser totalmente destruída pelas forças “inimigas” na Guerra do Paraguai. Não sabia disso e a fascinação começou a fazer sentido.

Na segunda sala, assisti a um maravilhoso documentário sobre o pensador negro americano Richard Wright. Parecia que estava tendo uma aula – bem criativa, por sinal – sobre portugueses, índios e negros. Lembrei do que escutei na fila, sobre jovens que nada querem com o Brasil: me vi tomando banho de Brasil enquanto os outros se enxugavam. Pois é, cada um na sua.

 

Ver exposições sobre temas que estou escrevendo exibe uma sincronia: de que estou fazendo a coisa certa na hora certa, sintonizado com o meu destino e com o destino do universo.

 

De volta para casa, no metrô, ao meu lado, três rapazes começam a falar que estavam loucos para deixar a cidade e de preferência o país. “Quero ir para a Austrália”, “Quero ir para Portugal ficar um ano”. Mas foram acrescentadas outras rotas de fuga como Suécia, Finlândia, Nova Zelândia e Noruega.

Portinari tinha um pensamento curioso: “Todas as coisas pobres e frágeis se parecem comigo.”

 

Sim, somos pobres e ricos, frágeis e fortes, brasileiros ou não, queremos ficar aqui em “nossa” terra ou não, queremos mudar ou continuar, queremos tudo e nada.

 

Mas só uma coisa é importante, a mais importante de todas: estando sincronizado, todas as escolhas são abençoadas, porque elas nos pertencem e nós ao mundo.

 

Não é só isso, mas é isso e isso é TUDO.

 

A Sincronicidade da Maçã (da Sincronicidade ao Insight)

 

A maçã, que simboliza a transgressão praticada por Adão e Eva no Jardim do Éden, também está ligada ao simbolismo da árvore, o eixo do mundo. As raízes da arbor inversa (árvore inversa) estão no céu, sendo Cristo o mais belo fruto enviado pelo céu à terra, representada por Maria. Na mitologia céltica, essa fruta simboliza a magia, a imortalidade e o conhecimento. Para o povo da Idade Média, a maçã possibilitava o acesso dos indivíduos à Ilha dos bem-aventurados. Já segundo a Igreja católica, somente depois da morte e da passagem pelo purgatório, os indivíduos purificados podem aspirar à felicidade eterna.

Eva, a companheira de Adão, ouviu os conselhos sussurrantes da serpente e passou a cantilena adiante. Alguns interpretam Eva como uma inocente útil, outros como uma dissimulada, que empregou o seu poder de persuasão para convencer a sua metade, para desvirtuar a sua consciência, iludindo-a com bonitas palavras.

Conscientemente ou não, todos são culpados: Adão por se deixar seduzir e Eva por encarnar o pecado.

Em latim as palavras mal e maçã, malum, são escritas da mesma forma. A maçã simboliza o pecado original, já o pão (corpo de Cristo), a redenção. A Virgem é considerada a segunda Eva, redimindo o pecado da primeira.

Adão, Eva, Maçã, Serpente, Árvore

A alegoria bíblica da mordida na maçã mostra que a raça humana optou por refazer o caminho – já feito – à luz. Adão e Eva simbolizam a inocência e o egoísmo das crianças, que dão as costas ao paraíso. Esse é o princípio do livre-arbítrio, algo que poucos falam: o princípio do egoísmo. A escolha pela maçã, pela liberdade, é também a opção pelo “erro”, falando rasteiramente, e pelo mal, que hoje assume várias formas dissimuladas e superficiais.

O mal tem muitas faces, tão delicadas e singelas como o bem. Se muitos odeiam em silêncio, por que parece ser tão difícil amar em paz? Aprendi a aceitar que certas coisas só podem ser modificadas com o tempo, que não posso convencer ninguém que não queira ser convencido, sei que muitas verdades não podem ser compartilhadas… Enfim, aprendi a aprender, não a prender, a não apreender.

Quando algo vai “mal” comigo, quando não consigo compreender com clareza porque ocorrem certas coisas, paro de pensar. E a reza me ajuda muito, pois basta começar a rezar em um local no qual possa expandir minha consciência, que tudo fica mais sereno e fácil de entender. É como se um peso saísse das minhas costas, tudo fica muito mais leve. Sou tomado por uma serenidade inexplicável, quase dopante, na qual minha mente entende tudo, sem julgamentos, em um local no qual posso conversar sem amarras e trocar ideias com o invisível. E geralmente o conselho é o mesmo: equilibre e prossiga. Alguns podem achar que eu rezo demais, mas cá entre nós, é melhor rezar do que amaldiçoar, é bem melhor rezar do que fofocar e é maravilhoso rezar ao invés de perder o seu tempo praticando o mal. É bem mais fácil assistir TV, todos sabemos, mas tudo é questão de prática. Se os jornais parassem de publicar notícias ruins, nós pararíamos de comprá-los, simplesmente porque as notícias ruins somos nós. Elas existem porque nós existimos. Nós somos atraídos pelo mal, que age como um imã e está em todos os lugares, no seu local de trabalho, na sua família, em você mesmo.

 

Por dentro tá que tá, mas como ninguém vê...

Quando há a necessidade de depurarmos uma história pregressa ou de depurar a nós mesmos, a dor ou a queda nunca estão descartadas. E só dói porque somos apegados, inclusive porque a sociedade, esse grande ser metamorfo, nos cobra uma atitude “social”, um procedimento de aparências. Para se tecer uma rede harmoniosa é necessário esclarecer as regras do jogo antes de jogarmos, é necessário expôr as coisas claramente sem altercações, sem alterações e certamente negociar. Se cada um de nós, não souber aceitar o pedido do outro, se considerarmos que todo pedido é uma ofensa, aí o negócio fica feio. E o mal está associado à palavra liberdade.

Quando os mais próximos me contam os seus problemas, de cara dá para perceber que a maioria só sabe culpar os outros e que não está pronta para abrir mão dos seus temores, de suas “liberdades” e principalmente dos seus prazeres. O mundo funciona em um equilíbrio no qual reina uma alternância de poder: se há sol, há chuva; se há noite, há dia; se há dias péssimos, há dias maravilhosos, mas nós não parecemos prontos para parar de ter prazer um dia sequer ou pelo menos, de intercalar as estações dos nossos prazeres. E quando falo em prazer, não falo em sexo apenas, mas em fumar um cigarrinho, em nunca elogiar, em nunca deixar de “pular o muro” para não perder oportunidades, em ser um tremendo egoísta puxa-saco, em criar fantasias que não existem, etc, etc e etc. Não dá para a gente estar certo o tempo inteiro, mas dá para se manter uma certa coerência, moldada pelos seus valores. Isso é, se você realmente compreende o que é ter valores. A grandeza dos atos não está na exibição, está na ação engendrada silenciosamente e os valores nunca são entes externos, eles se manifestam no dia-a-dia, em situações corriqueiras.

O lugar comum prega que toda sincronicidade é boa e só traz o bem. Isso é uma meia verdade. É verdade quando se diz que toda sincronicidade só traz o bem, mas a assertiva é falsa quando alardeia que todo bem é idôneo.  A sincronicidade te dá um toque, te empurra pra frente e te aconselha a encarar o desafio, isso ela faz bem. Agora, se você vai gostar de encarar a medusa, aí já são outros 500. A maçã pode ser linda externamente,  mas pode estar podre por dentro, envenenada com a mordida da cobra, com o toque da dúvida, da sugestão, da ilusão.

à espreita

Há um pensamento associado aos traficantes que diz: “Melhor reinar durante algum tempo do que ser escravo a vida inteira.” Agora altere a frase para: “Prefiro reinar no Inferno do que ser servo no céu.” Algo estranho? Pois é… tanto faz. Seja traficante, diabo ou um grande empresário, a mentalidade é a mesma: a pessoa que se hiper valoriza, que não aceita ser contrariada, que não vê os outros igualmente, que despreza o diferente e que só gosta de quem foi moldado à sua imagem e semelhança não depende de educação ou estudo.

O  anjo caído, aquele mesmo que rompeu com Deus, lutou contra quem ele considerava “tutelador”, para ser livre. A palavra liberdade pode significar muitas coisas, algumas bem estranhas. Então se liberdade é o desejo da maioria, por que há tanta demonização do anjo rebelde? Ninguém aqui está propondo que não podemos ser bonitos, nos vestir bem, comer bem, e nem amar bem, mas não se deve confundir alhos com bugalhos. A questão é simples: basta refletir e julgar o que é importante em sua vida e decidir. E as escolhas estão sempre ligadas a valores. Nesse caso, não dá mesmo para acender uma vela para Deus e outra para o diabo.

A alegoria da maçã sempre me remete ao casal, e nem tanto ao pecado, mesmo com todo o peso que a palavra carrega. Não acredito em pecado, que é a ação, porque quem o pratica, o agente, é acima de tudo um inconsciente, não exatamente um “pecador”, mas um ignorante que acredita no próprio egoísmo e não se sente culpado por isso.

A imagem do casal simboliza a união dos extremos, a não dualidade, o compromisso e a cumplicidade, a coesão que harmoniza, ou seja o ser uno que alavanca o poder das grandes sincronicidades. Mas o entendimento do significado da coesão não pode ser imposto a quem quer que seja porque não funciona. É como a palavra que se dá, mas que não se cumpre com milhares de desculpas. Toda desculpa parece ser boa o bastante para explicar a impossibilidade de cumprir a palavra empenhada.

Vivi histórias de família e de relacionamentos que me fizeram sofrer bastante, pessoas amadas que decidiram morder a maçã, mesmo sabendo que trariam sofrimento a todos, e posso afirmar que não deram a mínima. E não adiantava falar, eram palavras soltas ao vento. Só aprendemos essa dura lição na pele e se quer saber, dói e muito. E quem pode te ferir é exatamente quem mais você ama, porque está próximo. Essas pessoas que mais amamos e que decidem se trair, mais do que nos trair, embarcam em uma viagem ególatra, amparada por amigos do alheio, que também pregam o direito à liberdade, e como seres sociais que são, se apóiam mutuamente, até mesmo nas piores escolhas, acobertando os erros e expondo qualidades. A mordida dos nossos entes queridos ocorre por egoísmo, teimosia, ou por ignorância mesmo, mas não poupa ninguém.

A Melhor Descrição Do Que Vi Ao Me Deparar Com O Mal

Durante esses momentos de tensão, que duraram de meses a anos, as sincronicidades se recolheram, aguardaram para que mais luz entrasse no quarto escuro. Nessas fases, a sincronicidade deu mais espaço aos insights, percepções profundas sobre a realidade, um entendimento agudo sobre todas as coisas. E o que os insights me recomendaram é que eu deveria colocar a viola dentro do saco e dar tempo ao tempo. Isso foi muito difícil, porque a aceitação do inaceitável deixa marcas. Mas optei por me recolher, aceitei que o mundo é ilusão e que não se combate as trevas no campo delas. E a maior lição que tive que aprender é que eu não precisava me defender, eu simplesmente me calei, silenciei. Alguns anos depois, as sincronicidades voltaram firmes e fortes, lindas como a mais bela das maçãs, linda por fora e saborosa por dentro.

E o que aconteceu com essas pessoas que a morderam impunemente?

Como eu, todas cresceram por bem ou por mal.

 

A Maçã

(Composição: Raul Seixas / Paulo Coelho)

Se esse amor
Ficar entre nós dois
Vai ser tão pobre amor
Vai se gastar…

Se eu te amo e tu me amas
Um amor a dois profana
O amor de todos os mortais
Porque quem gosta de maçã
Irá gostar de todas
Porque todas são iguais…

Se eu te amo e tu me amas
E outro vem quando tu chamas
Como poderei te condenar
Infinita tua beleza
Como podes ficar presa
Que nem santa num altar…

Quando eu te escolhi
Para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma
Ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi
Que além de dois existem mais…

Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro, mas eu vou te libertar
O que é que eu quero
Se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar…

 

Sincronicidade da Proteção

Frequentei uma Fraternidade Mística nos anos 90, na qual aprendi a importância dos rituais. Em nossa vida diária, praticamos muitos deles: batizado, festa de 15 anos, aniversários, primeira comunhão, vestibular (Enem hoje), primeira namorada, primeiro emprego, etc. O ritual significa a passagem de uma fase para a outra, sempre superior e fartamente celebrada em conjunto pela sociedade. Mas o ritual só nos exprime a sua real importância quando você se conecta a ele, entendendo algo do seu significado. A superficialidade e o não entendimento te afastam do que o ritual tem de mais encantador, que é te fazer entender o fluxo e refluxo da existência.

 

Como Se Vê

Em 1995 me desliguei dessa Fraternidade, não por discordar totalmente dos seus métodos, mas por sentir firmemente que era chegada a hora de partir. Quando esse impulso de mudança toma conta de você, não se discute, não se pensa duas vezes. Mas é claro, toda mudança deve ser realizada com o maior respeito e transparência com todos os envolvidos diretos e indiretos. Toda ação gera uma reação, isso é básico e toda mudança gera oportunidades, “desperdiçáveis” ou não. Com o tempo aprendi que o mundo te empurra para a frente, sempre. Quem te empurra “para trás” é você e mais ninguém. Assim como a vida, o entendimento sobre os rituais, surge com o tempo, com a experiência e a maturidade. Você pode ter 80 anos e continuar sendo completamente cego, não há nada de novo nisso. Por isso, quando decido que a mudança é inevitável, a realizo às claras. Nunca fiz e nem faço nada na sombra, mesmo que socialmente se pague um preço caro por ser independente.

Subi ao escritório do fundador da Fraternidade para comunicar a minha saída e ouvi de sopetão: “Você veio dizer que está saindo, não é?”. Meio surpreso, pois não havia comentado sobre o assunto com ninguém, respondi que sim. Ele me disse: “Seu trabalho não é mais entre quatro paredes, o seu trabalho é no mundo.”

O que ele quis dizer com mundo? Refleti sobre esse assunto várias vezes, mas antes mesmo de chegar a alguma conclusão, o mundo me tragou inesperadamente. De uma maneira surreal, fui empurrado para uma viagem à Europa no ano seguinte. Havia ido no máximo à Argentina, nunca para outro continente, e nem tinha dinheiro para isso, mas as coisas foram ocorrendo em um frenesi de “coincidências” que desde o primeiro momento, deixaram claro que era para ir e ponto final. Você segue o fluxo ou não, a decisão é sua. Há que confiar, mas sem as amarras da ilusão. Quando você “se deixa levar” e segue o seu “destino”, nada de ruim pode te acontecer, pois esse é o seu caminho e o de mais ninguém, porém isso também não quer dizer que problemas não ocorrerão. A sincronicidade te diz para seguir adiante, para viver a sua história e o melhor aspecto de todos: para finalizá-la. Porém a sincronicidade não te diz que a experiência será um mar de rosas, ainda mais que você lidará com pessoas que não te entendem, ou respeitam e elas, apesar de tudo, são necessárias para te testar, são os teus testadores, os teus sparrings e você deve agradecer por isso. A viagem à Europa não foi um mar de rosas, mas era a oportunidade de visitar a Lusitânia, a terra dos meus avós paternos. Soube, de coração, que não deveria abrir mão da oportunidade. Entre vários pontos altos e baixos, tive um encontro muito bonito e inesperado em Portugal não com uma pessoa, mas com a mãe simbólica de todos nós, a Virgem, que se tornaria, de certa maneira, uma grande amiga. Não me estenderei sobre esse encontro agora, mas o farei brevemente. É realmente uma história muito bonita que espero compartilhar de coração.

Antes de aterrissar em Portugal, estive um mês em Londres. Relato isso porque as histórias que conto agora, ocorridas em 2010, 14 anos depois, provam que não há ponto sem nó nessa vida. Estamos sempre sendo protegidos e acarinhados, mesmo que achemos que não.

 

O Valor do Gesto Interno

Entre julho e início de agosto de 2010, fiz uma novena. Como o silêncio é bom companheiro faço algumas meditações caminhando e costumeiramente rezo de madrugada. Escolhi como local para a novena, a imagem da Virgem que há em Ipanema na Praça N. Senhora da Paz, que fica do lado de fora da igreja, o que facilita o meu trabalho. Os irmãos evangélicos não adoram imagens, eu também não, por mais estranho que pareça. Explico: quando rezo em frente a uma “imagem”, não penso nela como um objeto físico, mas como um “facilitador”, ajo nos moldes de uma “técnica” que me permita projetar meus pensamentos ou minha consciência para um patamar superior, um mar de energias mais livre, onde os pensamentos possam fluir sem amarras, mais conectados com o todo, o que me permite ter uma noção mais clara do que “eu quero”, do “eu posso” e do que “é possível”. Não penso na imagem como um ser “vivo”, mas também não a desrespeito, como não desrespeito a bandeira nacional, que por sinal é uma imagem e um símbolo.

Muitos creem que rezar não vale a pena, mas desejar a mulher dos outros também é uma espécie de “reza” (que é ativada como um mantra), assim como ambicionar um emprego melhor ou invejar alguém. Reza é apenas um nome. Troque essa palavra por conversa, diálogo, pedido, reflexão e tire o valor “negativo” – se houver – da mesma. No final das contas, rezas são conversas entre você e o Eu Superior e tudo se resume a diálogo e esperança. Há que experimentar para compreender, testar o erro e o acerto para seguir adiante, optar com razão e emoção pelo o que é importante em nossas vidas.

Essa é a história.

Me dirigi à imagem às 1h30 de uma sexta para sábado para dar início à novena. A imagem da Virgem fica do lado de fora da igreja, em frente a um velário externo.

Apesar da hora, sexta é sexta e vários jovens caçadores, levemente alcoolizados e com uma energia sexual palpável passavam de tempos em tempos perto de mim, a alguns metros, sem se aproximarem. Todos gritavam ou gargalhavam, sem dar a mínima para o estranho que rezava, pois afinal de contas, a rua é de todos. Dentro de uma igreja se comportariam condignamente, do lado de fora é a lei do cão, que cada um brigue pelo seu espaço. Alguns minutos depois, um grupo de três se aproximou, enquanto eu acendia uma vela no velário. Eram 2 meninos e 1 menina. Pelo jeito que se aproximaram era óbvio que não eram daqui, refleti. Ainda mais a essa hora. Começaram a falar entre si e eu perguntei: “Vocês são ingleses?” Eles disseram que sim. A menina disse que gostaria de deixar um donativo na igreja e eu respondi que o local estava fechado.  Eles me perguntaram algumas coisas, se eu tinha religião, para que estava acendendo uma vela, enquanto eu tentava colocá-la em pé. Disse que o Brasil ainda era um país católico “parecido com a Irlanda”. Um dos meninos disse: “Minha mãe é irlandesa”. “Então você entende o significado da palavra FÉ?”, perguntei e ele respondeu “yeah”. Conversamos mais um pouquinho e eles se despediram. Agradeci a gentileza de terem conversado comigo, completando: “Nenhum brasileiro faria isso às 2 da manhã”.

 

Proteção

Após mais alguns minutos, me recordei da viagem à Inglaterra e Portugal. Só estive nesses dois países na Europa em 1996 e naquele momento, em Ipanema às 2 da manhã eu me senti novamente na Inglaterra através dos meninos e em Portugal através da imagem, vestida de azul e branco, posicionada atrás de mim. Apesar de nunca mais ter estado fisicamente nesses países, compreendi intensamente que a presença física não é de todo necessária, pois a energia da viagem há 14 anos, e o que eu havia aprendido com ela, estava ali de novo, mais física do que nunca, mais real do que poderia imaginar. Me arrepiei todo e meus olhos marejaram. Pensei “O elo daquela época não se desfez, está mais firme do que nunca e não é uma prisão, é uma benção”.

Ingenuamente, acreditamos mais na realidade física, dando testemunho ao TER do que ao ESTAR, em detrimento das entrelinhas da vida. O fato É, não precisa de julgamentos ou provas. Não é mágica que ilude a plateia, não é algo físico que precisa ser visto, tocado, só necessita ser vivido sem teorias. E a experiência é para sempre, não se desfaz, ela permanece se desenvolvendo, acrescendo. Nenhum elo do bem se rompe, se une a outro construindo uma corrente que se metamorfoseia, que não é sólida, é mutável, feita de elos coloridos, que se completam em si mesmos e se desdobram para muito além.

Não estamos sozinhos.

O encontro com os três jovens viajantes ingleses foi sentido como um evento sincronístico singelo e acarinhador. A mesma energia da viagem de 1996 estava ali e está aqui agora em 2010 me dizendo que o casamento íntimo é mais importante do que o casamento no papel, que o que se sente é mais importante do que o que se fala, que o real é íntimo e comumente não é expresso pois teme-se o julgamento. Mais vale enfrentar o perigo com verdades do que se poupar com mentiras. A verdade é perene, a mentira tem prazo de validade, assim como o tempo é senhor da razão. O tempo físico é uma quimera. A experiência é única e atemporal, não sofre influência do relógio, do mundo externo, nem das exterioridades.

E a Virgem me referendou em silêncio, após a vela ser acesa: “Eu continuo aqui com você, sempre”.