Em Rota de Colisão

Assisti a um filme americano inspirado em histórias reais. “Em Rota de Colisão” (Stuck – 2007).

A trama gira em torno de uma enfermeira que atropela um morador de rua. Vi o filme sem saber do título. A enfermeira dirigia o seu carro à noite, preocupada em falar com o namorado ao celular.  Focada em seus próprios interesses, ela atropelou um desempregado obrigado a viver na rua por não ter dinheiro ou emprego. O corpo do desempregado atravessou o vidro do carro e a mulher não parou: levou o carro com o corpo para casa à noite e deixou ambos, o carro e o corpo atravessado no vidro, na garagem, para transar com o namorado. De manhã, a enfermeira foi ao emprego em um hospital e não falou nada para ninguém. Voltou para casa apenas para pegar o celular e não para salvar o homem, que pedia ajuda. Imaginem que a enfermeira tentou de tudo para sumir com o corpo, preocupada apenas com o emprego, no qual ela cuidava de velhinhos e salvava vidas.

Há uma teoria, não descabida, de que ver, ler e assistir a determinados filmes nos liga a situações mentais involuídas, que não nos fazem crescer. Que nos fazem perder tempo. Também é, também pode ser. Mas a vida não é só trabalho, é respiro. Alguns se alienam com coisas “sérias”, outros com “prazeres”. Aí é com cada um. E tem a ver com a experiência que cada um pode e deve vivenciar. Não sou dono da verdade, mas sou o responsável e aprendo com as consequências das minhas escolhas.

Este blog é principalmente, um espaço para depoimentos, pois as sincronicidades, uma mais “absurda” do que a outra, ocorrem diariamente. Que cada um analise se as suas escolhas ainda fazem sentido para você. Para muitos, a vida é um “baile iluminado”, para outros é “um parto”. Para este que vos escreve, a vida é a vida.  E pode mudar em um segundo. A sincronicidade faz parte da vida. Pessoas vêm e vão. A vida prossegue. E a maior lição que duramente aprendo é ter paciência. E “ficar vendo sinais” não resolve. Mas ajuda.

Trailer em português: 

Stuck em francês: 

Documentário sobre a filmagem de Stuck e os fatos reais:

Para quem se interessa por histórias reais e semelhantes, aconselho o filme sobre a vida do escritor, Donald Walsch, dos livros Conversando com Deus.

Poesia 2014

encontros

2014

 (Carlos Lopes)

Pacientes, os anjos me fizeram crer

Que dos mortos em vida

Pudesse eu me erguer

Chegaram a me ligar, acreditem

De celular

Sussurraram que “chegara a hora”

Será?, duvidei torcendo sem demora

Subindo a montanha vi que topo não havia

Que nem regresso haveria

“Sois vós, o nosso irmão”

Foi o que disseram

“O anjo da morte que mata a toda ilusão”

Logo eu, que me encontrava

Entre lapsos descontínuos

Sem saber como proceder

Desci de casa em passo reto, contínuo

Atravessei tonto, a faixa àquela hora

Durante a travessia

Que nem Caronte, a moeda queria

Vem o conhecido estranho que me olha

Ao afundar-se em meus olhos

Soube ele ter chegado a hora

Sobressaiu-lhe um desgosto profundo

Desejará ainda aproveitar o que lhe resta neste mundo?

A cada segundo, senti-lhe mais culpado

Nos olhos do consulente, o vi completamente desarmado

Sem poder falar, anunciei-lhe calado

É chegada a morte da ilusão

O fim do ser amado

Após a faixa me ter atravessado

Como punhal cravado em dor

Parei na esquina sozinho

E percebi que um silencioso calceteiro se dava por satisfeito

Por ter terminado o caminho

Para que o atravessasse

O seu amor

De direito