Destino

“Nós todos colhemos o que semeamos e que, desta ou daquela maneira o destino quase sempre nos obriga a pagar pelas nossas más ações. Quem se lembrar disso não se zangará com ninguém, não se indignará com ninguém, não procurará desforrar-se de ninguém, não censurará ninguém, não ofenderá ninguém, não odiará ninguém.” (Epicteto)

As Sincs de SAI BABA

Sai Baba

Na manhã de domingo, dia 24 de abril, Sathya Sai Baba desencarnou. Curiosamente, o guru indiano partiu desse mundo, durante o feriado da Páscoa cristã, a reflexiva época do renascimento. Nesse mundo cheio de interesses mil, poucos ocidentais sabem quem foi esse homem, considerado um novo Cristo pelos discípulos, a maioria indianos. Segundo dizem estava com 85 anos e nos últimos meses já bastante enfermo com problemas cardíacos, pulmonares e renais. Um de seus maiores seguidores e que mais lhe ajudou economicamente foi o ex-proprietário da rede de restaurantes Hard Rock Café, Isaac Burton Tigrett, que viveu em Puttaparthi, terra de Sai Baba na Índia e que doou grande parte de sua fortuna à fundação de Sathya Sai Baba.

Soube da notícia por um amigo que me ligou hoje cedo, no dia seguinte à passagem do guru. O amigo soube da morte de Sai Baba e estranhou a data, pois no mesmo dia 24 de abril, só que de 2008, ele perdera um colega de trabalho. A coincidência tornou-se ainda mais estranha, pois ao chegar em casa, lembrou-se de ter separado há anos, um livro sobre os milagres de Sai Baba para ler, que nunca foi nem sequer aberto. Impulsionado pela curiosidade e pela recente notícia, procurou a publicação e ao encontrá-la, deparou-se com algo como um marcador de páginas em seu interior, algo que marcava bem mais do que páginas: era um santinho de falecimento do amigo de trabalho com a data de 24 de abril de 2008.

Esse é apenas o preâmbulo.

Já escrevi sobre isso antes, sobre o baixo nível, a raiva e o ódio dos que não aceitam que outras pessoas possam ser espiritualistas, umbandistas, espíritas ou o que quer que sejam. Recorri ao Globo on line para ler a notícia sobre o passamento do guru e me deparei com alguns comentários como: “Se ele era guru por que não se curou? Se ele era guru por que o acusavam de charlatão? Se ele era guru por que não ressuscitou ao terceiro dia?”. Realmente não entendo por que alguém perde tempo expelindo ódio, gastando energia com isso… Não há por que comparar Jesus com Sai Baba e nem os Beatles com os Rolling Stones. Tudo isso é uma bobagem, a fé é uma bobagem e o ateísmo também, a luz é uma bobagem e a escuridão também. Vivam e deixem viver. Eu não vendo minha verdade e a minha fé, porque eu as vivo, eu sou ela, se você não é, se não acredita, tanto faz, por que o ódio? Por que a diferença ou a semelhança incomodam tanto? Mais impressionado, fico eu com o baixo nível dos leitores dos grandes jornais. É a mesma gente que reclama pelos “seus” direitos, que pede para se expressar, para escolher “seu” próprio destino. A liberdade de fato é um rolo compressor, tão truculento quanto a ditadura.

Sai Baba

Sai Baba esteve próximo a mim em inesquecíveis ocasiões (não fisicamente, quero deixar claro) e todas engraçadas, para dizer o mínimo, então esta postagem é a minha singela homenagem e respeito ao indiano. Posto aqui duas boas histórias.

1 – Na primeira metade dos anos 90, estava viajando com músicos em um ônibus para o Brasil central. Exatamente à minha frente, sentaram duas moças que conversavam em inglês. “Do nada”, elas se viraram para falar comigo e perguntaram sobre a espiritualidade do país, queriam saber mais sobre o Candomblé e o Espiritismo, queriam conhecer o Planalto Central. Isso chamou a atenção dos músicos, sentados no outro extremo do veículo, que não estavam interessados em espiritualidade, mas nas duas louras. As inglesas comentaram que haviam chegado da Índia, do Ashram (comunidade formada para promover a evolução espiritual dos seus membros, frequentemente orientado por um místico ou líder religioso) de Sai Baba. Do outro lado do ônibus, o mais esdrúxulo dos músicos, o que mais queria aparecer, fazia troça, em altos brados, sobre a nossa conversa, usando termos de baixo calão e fazia trocadilhos em português – que elas não podiam entender – com o nome e a aparência física do guru. Agradecidas, elas me entregaram alguns pequenos pacotes azuis com o rosto de Sai Baba e me disseram que em seus conteúdos havia Vibhuti e me aconselharam: “Use com sabedoria.”

Vibhuti significa poder, esplendor, glória e majestade.

Vibhuti

O pó Vibhuti, que brotava das palmas da mão de Sai Baba é esbranquiçado como cinza, suave ao tato, com um forte e agradável aroma e sabor de milhares de flores juntas em forma de fina chuva. O pó é entregue ao devoto que Sua vontade escolheu por motivos que tão só Ele conhece.

Bhagavan Baba se referia ao milagre de criar Vibhuti na palma de Sua mão como: “Meu cartão de apresentação”. Ele dizia:

…”Não lhes é possível aprender o significado pleno do Avatar ou resistir a Seu esplendor total sem um período de preparação, e por isto é que lhes revelo só pequenas quantidades de glória, como a criação de cinzas…”

…”Não está em minha natureza pregar atrativos para conseguir que as pessoas venham a Mim. Eu derramo alegria sem nenhum propósito em particular e é devido a isto que me deleito nos milagres…” 

Pedi a meu irmão que colocasse o Vibhuti na língua de sua filha e minha sobrinha para protegê-la.

Meu encontro com “as louras de Baba” foi motivo de escárnio por parte de um dos músicos, o autor dos trocadilhos, durante anos. Após nos separamos profissionalmente, só fui revê-lo, após 7 longos anos. Uma noite, o reencontro visivelmente alcoolizado e ao me abraçar, ele confessa consternado: “Há anos, sou discípulo de Sai Baba!”

Nada como um dia após o outro

 2 – No ano seguinte, em 2008, estava gravando um disco e queria dar uma sonoridade psicodélica ou indiana a uma música, mas me faltava a ideia. O dono do estúdio me chamou para que eu fosse apresentado a um dos seus amigos dos anos 70, um ex-fã da banda The Who que se tornara discípulo de Sai Baba. “Gravo CDs devocionais”, ele disse. “Já fui à Índia várias vezes”, completou. “Estou gravando um CD neste mesmo estúdio”. Esse encontro me deu um estalo: nada acontece à toa e se estávamos gravando no mesmo estúdio, nos mesmos dias, por que seria? Um toque indireto de Sai Baba?

Quando fui pedir autorização para o uso das gravações, o fiel já havia terminado o trabalho e viajado, talvez para a Índia. Comentei sobre o assunto com o técnico de gravação, e juntos usamos algumas das faixas gravadas para o CD de tributo a Sai Baba, que estavam no mesmo HD que armazenava meus arquivos, e as colocamos no final de uma composição escrita por mim. Alteramos as afinações, velocidades, recortamos pequenos trechos, invertendo ordens e encaixamos tablas, harmônios e cítaras em locais improváveis. O resultado ficou excelente.

“Sai Baba, me perdoa por essa, mas é pela arte e pelas sincronicidades!”, me desculpei em voz alta. Parece que “ouvi” um sorriso.

OM SAI RAM.

SINCS SEQUENCIAIS

“Seu Roberto, o pessoal do mundo antigo não está entendendo o mundo novo”. Foi o que Dona Maria disse ao meu amigo Roberto, que trabalha no atendimento de um Banco em Manaus. A senhora, cliente antiga, nunca soube que meu amigo tinha algo de “especial”, mas como não era boba, ela “percebeu” que ele poderia entendê-la.

“Não adianta ter professor para instruir porque eles não compreendem”, ela prosseguiu.

“O mundo antigo já acabou!”, sentenciou.

Por que inicio o texto com esse preâmbulo? Porque Roberto, esse amigo, passou alguns dias comigo no Rio nesse feriadão. Pois bem, quando você junta duas pessoas que têm características especiais, o que geralmente ocorre é um verdadeiro “sai-de-baixo”, um “tsunami energético”: a energia de cada um é amplificada e as sincronicidades se multiplicam. E após cada nova sinc diária, ríamos.

“Ô homem de pouca fé!”, eu brincava.

E ele respondia: “Quem disse que eu não acredito! Você é que é o cara dos FXs! (“efeitos especiais”: nossa alcunha para fenômenos) Meu professor de ioga me disse que tudo o que é antigo não vale mais para hoje em dia, seja religião ou filosofia.”

Durante sua estadia no Rio ocorreram muitas sincronicidades diárias, sempre da mesma maneira: a gente conversava sobre algo, sem prestar muita atenção, como se fosse um pensamento dito em voz alta e o pensamento se materializava fielmente no dia seguinte. Aqui listo algumas das mais folclóricas, todas ocorridas em uma semana.

Só me falta-me o Gramur!

1 – Tenho dois amigos, mais próximos, em Manaus. Um deles veio passar uns dias comigo, aqui em casa, por causa das suas férias e não em razão do feriadão. No dia posterior à sua chegada, toca o telefone: era o outro amigo de Manaus que havia chegado ao Rio. Eles não combinaram nada e o segundo amigo não veio para o Rio por causa das férias. Saímos todos. Em nossa conversa, comecei a imitar a Lady Kate. A namorada do segundo amigo riu e me disse que havia estudado com a atriz, Katiuscia Canoro.

Orfeu da Conceição

2 – Lembrei de uma história, assim que passamos perto de um viaduto ao lado do Sambódromo: “Subi nesse viaduto, uma única vez para ver o desfile das Escolas de Samba. Não dava para ver nada e desci. No meio do povo, uma voz me chamou: era um conhecido que não via há anos.” No dia seguinte à conversa, encontramos a pessoa que havia me chamado no viaduto.

Bob Zé

 3 – O amigo me perguntou: “Você já ouviu o disco do Zé Ramalho no qual ele canta Bob Dylan?”. No dia seguinte, Zé Ramalho passa na rua pelo meu amigo.

4 – Sonhei com um conhecido que cruzou comigo, de cabeça baixa – no sonho – e não me viu. No dia seguinte, o amigo de Manaus me pergunta sobre uma banda, na qual a pessoa com quem eu havia sonhado cantava. Mas ele não sabia disso.

 5 – Contei para ele que o mago Aleister Crowley não era tão ruim como querem pintar, ainda mais em um mundo (o atual) no qual uma de suas sentenças é glorificada: “Todo homem e toda mulher é uma estrela.”

Todos juntos vamos...

Muitas vezes o “mal” também pode se associar ao “bem” para derrotarem o “mal maior”. No final das contas, mal e bem são apenas pontos de vista, é claro. Contei ao amigo que na Segunda Guerra, Hitler e o povo alemão uniram-se numa “tsunami energética” ao erguerem os braços na saudação nazista, que podemos dizer simbolizava o “mal”, ao reincorporarem o velho mundo simbólico dos conquistadores romanos, com suas águias, flâmulas e galhardetes; a escravização de povos” inferiores”  e conceitos opressores de civilização. Inebriados com a campanha militar vitoriosa (até invadiram Paris!) o povo e os líderes alemães eram uma coisa só.  Entre 1936 e 1939, Crowley fez uma série de visitas à Alemanha. Uma mulher chamada Martha Kunzel tentou convencer Hitler de adotar o Livro da Lei de Crowley como a sua “Bíblia”.  Hitler rejeitou a sugestão, pois para ele o “Mein Kampf”  era o livro sagrado da Alemanha.

V

 Ser amigo de Crowley não era uma primazia do poeta português Fernando Pessoa ;  Winston Churchill, o novo velho homem escolhido para liderar a Inglaterra, como primeiro-ministro, em tempos de guerra, consultou o mago a respeito da saudação nazista. O que Churchill, um homem que também acreditava em primazia racial, desejava era combater o nazismo em duas frentes: no físico e no astral. Crowley sugeriu-lhe que adotasse o símbolo do V com os dois dedos erguidos para anular a saudação nazista.

 Meu amigo não lembra de ter sonhos diários, mas aqui em casa ele sonhava toda noite, exatamente como eu: com histórias longas e vários personagens. Na madrugada, ele foi atacado por alguma entidade e lembrando da nossa conversa, felizmente usou o V juntamente com conjurações de amor. Ele acordou dizendo que os “inimigos” saíram em debandada.

Excalibur

6 – Simbologias são muito poderosas e é preciso compreendê-las para ter o controle sobre a sua vida, principalmente a inconsciente. Tomei conhecimento de um fato, que claramente era mera reprodução (retorno e recorrência) de outro ocorrido há exatos 25 anos. Como indiretamente me envolvia de várias formas e todas nada muito boas, pensei em cortar o mal pela raiz. Em um sonho, soube que deveria resgatar um objeto físico que se ligava indiretamente a essas pessoas. E apesar de aparentemente a missão ser difícil, senti que sairia vitorioso. A imagem que me veio à mente era a da espada de Excalibur sendo retirada da pedra. Isso me deu a convicção de que eu deveria e poderia cumprir a missão. Em uma semana, fui bem-sucedido. A convicção do sucesso era tamanha que eu simplesmente segui adiante. O que ocorrerá com os personagens envolvidos na teia do retorno e recorrência não é mais meu problema. Nunca mais.

 Roberto

7 – Falávamos sobre a morte da filha do cantor Roberto Carlos e durante a conversa, ele fez algumas críticas sobre a minha forma de viver: ele me sugeriu que eu colocasse meu sonhos de lado e eu respondi que “preciso vencer sendo quem sou, com meus sonhos. Não me interessa vencer sendo outra pessoa”. Na rua, passamos em frente a uma igreja que gosto e sugeri que entrássemos. A princípio, ele não quis, alegando que “isso é um processo seu”, mas entrei e ele veio atrás. Quem comandava a missa era o padre Antônio Maria, que pediu que rezássemos por Roberto Carlos e completou: “O amigo que está em sua casa deve respeitá-lo e aceitar a sua maneira de ver o mundo”.

Padre Antônio Maria

Eu sei bem o que é isso, pois lido com o descrédito constantemente. Os incrédulos nem são bons nem maus, não estão certos ou errados, eles têm outras missões, outras funções, outros objetivos, outras necessidades, outras certezas, que não são as minhas, mas curiosamente querem que eu passe para o lado deles e eles nunca querem passar para o meu, sabem por quê? Porque o meu caminho é o mais difícil, mas é meu: eu tenho o prazer e a obrigação de cumpri-lo de cabeça erguida. Honra e valor.

Pedidos, Promessas

8 – Durante uma fase conturbada na minha vida, pedi uma graça em uma igreja de escravos há 4 anos. Aparentemente a graça não foi alcançada (disse, “aparentemente”) e nunca mais pensei no assunto. Hoje, no dia em que escrevi este texto, passei com meu amigo em frente à mesma igreja. Na hora, passou pela minha cabeça que eu deveria “desfazer” a promessa. Fiz exatamente a mesma coisa, com o mesmo procedimento. Desfiz? Não sei, mas saberia menos se não o fizesse. O que houve de concreto é que a vibração foi fortíssima, as paredes tremeram. Muitas respostas e grandes soluções são inconscientes: apenas cumpra a sua missão com amor.

Tragédia de Realengo e o Bullying

Tragédia em Realengo

Tragédia em Realengo

Assisti à grande parte dos canais de TV para tentar entender por que e como se desenrolou a tragédia em Realengo.

Entender a gente nunca entende, tentamos aceitar explicações sóciopolíticas para conseguir suportar, mas sempre parece pouco. Muito pouco. Parte da imprensa tentou associar o assassino ao 11 de setembro o tachando como “árabe” e “muçulmano”. Parece que ele era Testemunha de Jeová, vi em um canal de TV, mas certamente outros dirão que ele era tudo e algo mais. O matador era um fanático religioso? Certamente sim, mas a  culpa não é da religião, é dele. Ele chegou a  pensar em destruir o Cristo Redentor…

Só sei que tudo isso me deixou muito triste e um dia após a tragédia comecei a ter febre de tanto incômodo. Não tenho febre há anos, certamente foi uma febre psicológica (um efeito pós-traumático) ou… espiritual. Parecia que tinham me matado ou matado meus familiares, me senti parte do todo, da humanidade, de fato. Não ri, não fiz nada, estava de luto. Dei uma volta para esfriar a cabeça.

Não aguentava mais chorar por causa dessa história… Estou muito, muito triste. Meu corpo, alma  e cabeça doem. Parece um pesadelo, um péssimo sonho, não consigo ler, escrever ou
ouvir música. Estou exausto.

Saber mais sobre o assassino dessas crianças, me fez pensar sobre a ignorância
humana, não importando a religião, o comportamento, a classe social e o país de origem.
Dizem que ele matou porque o seu apelido era “bundão” e sofria bullying.
Também sofri bullying (a tradução correta é “ser molestado”, mas não se usa esse termo porque ele tem uma forte conotação sexual) da infância ao pré-vestibular, inclusive por professores. Nunca me esquecerei do professor de educação física, técnico de vôlei, que fez o colégio todo rir dos meus pés chatos.

Colégio

Sofri ingratidões desde cedo e na sequência fiz o quê? Pratiquei bullying ao chamar um amigo gordo de “baleia”, de dar ordens ao meu irmão quando éramos crianças e tive má vontade com um cara porque ele era “leitor de dicionário”. Quem sofre, pratica em legítima defesa. E se o exemplo não vem de casa…

Sofri bullying, inclusive em casa, fui exposto à humilhações continuadas durante anos por pais, “amigos” e namoradas. Fui perseguido por pessoas de comunidades carentes e por malhadores de classe média-alta, do antigo primário ao pré-vestibular. Com isso quero deixar claro que fiz amigos e também fui perseguido por pobres e ricos, sem distinção.

Bullying não tem nada a ver com classe social.

O que fiz por causa de certas perseguições? Fundei um grupo terrorista para exterminar favelados? NÃO! Lutei por eles e tenho lutado em meus escritos e canções.

Eu era santo? Não, era criança, cujos pais nunca conversaram comigo abertamente sobre a vida.  Sem referências ou bons exemplos você tenta se virar no mundo cão, erra e acerta, aprende e desaprende. Mais tarde, na adolescência, comecei a desconfiar que a tal lei da ação e reação era algo real. Hoje, sei que quando alguém te dá uma rasteira, conscientemente ou afogado em cegueiras mil, leva outra, mesmo que não acredite.

Não matei por que humilhei ou fui humilhado. Minha resposta foi virar artista, pensador, assumir minha diferença.

O que te faz ser um matador em série? Mágoas? Incompreensão?

Para não matar alguém no plano real, matei a memória ruim, matei os que tinham mentalidades muito conflitantes e não me respeitavam.  Minha solução: escrevi livros e canções.

Quando alguém me pergunta, ainda hoje, sobre um fato espiritual, em uma roda de conversa, é frequente que alguém mais “saidinho” me interrompa:

“Você é maluco!”
“Isso não existe!”
“Isso te dá dinheiro?”

Dor, Mágoa, Vingança

Para destruir a sua vida e a dos outros, sempre há uma boa justificativa. O assassino errou, mas o mundo erra todos os dias. Certamente, nunca houve matadores em série em colégios no Brasil. A influência do assassino, sem sombra de dúvida, é fruto da pior parte da cultura norteamericana: filmes de AÇÃO e jogos de AÇÃO, violência desmedida
vendida em pacotes de liberdade. Desculpem-me, mas eu não gosto de ver filhos de amigos divertindo-se com jogos violentos na minha frente, não me sinto bem… Proibir não é certo, mas se deve explicar aos praticantes por que os jogos são inúteis e que ninguém é pior do que ninguém por não jogá-los.

O primeiro assassinato em colégio nos EUA ocorreu em 1966, no Brasil com Z em 2011…  Tenho amigos que assistem a esse tipo de filmes e jogam os tais jogos… Sem problemas, mas eu não participo e nunca participarei.  O que perco com isso? A sociabilidade? Deixarei de ser “popular”? A cultura americana é a dos caubóis, do cara que conquistou o país com um Colt. A cultura da violência, da liberdade à bala.

Não quero justificar nada, assassino é assassino, mas é fato que Wellington, o serial-killer não se libertou das mágoas passadas e resolveu a questão à moda americana: na base do bang-bang. Essa é a tal globalização do tiro bem servida com peanut butter, jelly and marshmallow.

Minha consciência me impediu de destruir minha vida várias vezes… Aprendi que é necessário lutar, há que vencer o mal com as armas da justiça e da verdade, há que se tornar um herói diariamente.  Se não te entendem, não se preocupe, faça o certo, seja o certo, tenha orgulho de ser reto.

O assassino terminou o colégio há quase uma década, mas nunca perdoou os colegas pela humilhação de ter sido chamado de “bundão”.

Bundão!

Bundão!

Bundão!

Quando se alimenta a dor e a mágoa, elas REVIVEM todos os dias, não importa o tempo passado.

Se o Brasil não resolver a questão agora, seja do desarmamento ou do bullying, depois chorarão os cadáveres.