A SINCRONICIDADE DA PADARIA.

assortment of baked bread on wood table

A SINCRONICIDADE DA PADARIA

 

Uma amiga – que chamarei de X – procurou um quarto para alugar. O acordo foi fechado por um quarto e parte da sala para trabalhar. Tudo correu bem até que, uma manhã, minha amiga acordou sobressaltada nas primeiras horas do dia. A vizinha de baixo – era um prédio pequeno, com apenas dois andares – batia portas e andava sobressaltada. Impressionada, X presenciou a vizinha sair pela porta da frente, furiosa, e dobrar a esquina agitada.

Com vontade de tomar um café, X foi a uma padaria duas esquinas adiante. mas desistiu por causa do clima ruim e do péssimo serviço.

Poucos dias depois, a proprietária do apartamento comentou que uma vizinha seria despejada, e pediu a permissão da minha amiga para recebê-la com hóspede por alguns dias e abrigar as suas coisas.

A vizinha era a dona da padaria em que X havia desistido de tomar o café.  Além de ser despejada de casa, a padeira estava falida.

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Apesar de o filho da dona da padaria ter preferido morar na própria padaria – até segunda ordem -, a mãe não quis se desfazer dos móveis, novinhos em folha.

A situação inusitada consistia de: uma moradora que pagava aluguel, mas que não podia mais usar a sala e uma nova moradora que vivia de favor em um pequeno apartamento de dois quartos. Como a dona do imóvel se recusou a dar um desconto à locatária e sugerir um prazo para a amiga padeira procurar onde morar, a inquilina preferiu sair.

Um ano depois de deixar o apartamento, X conversava com um amigo, que trabalha com locação e venda de imóveis. Este amigo, na verdade, a auxiliou na questão de um aluguel impagável.

Após a conversa, o corretor disse que passaria a tarde fazendo visitas, à procura de uma padaria para um cliente. X citou a padaria de um ano antes.

– Onde é? – o rapaz perguntou.

Ao ouvir o endereço, ele disse que por “coincidência”, era a mesma padaria que ele havia recentemente dado 400 mil reais para que um novo sócio pudesse colocar a casa em ordem.

– Mas vou te falar… – o corretor acrescentou. – Essa dona é muito enrolada, má administradora, difícil de conversar e os 400 mil não saldarão todas as dívidas, inclusive trabalhistas.

Muitas são as conclusões que nos servem, inclusive sobre como administramos as nossas vidas, mas a que mais me chama a atenção é que se nada aprendemos com os desafios, e principalmente se não buscamos o autoconhecimento e o entendimento de como podemos contribuir com o nosso crescimento e com o do planeta, seremos apenas uma alma penada a vagar apontando o dedo aos “responsáveis” pelos nossos “fracassos” sem nos conscientizarmos de nossas responsabilidades.

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